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EUA pressionam por base naval no sul da Argentina: 'Corremos sério risco', diz analista

© Foto / Secretaria de Turismo de Ushuaia / Cortesia / UshuaiaUshuaia, capital da Terra do Fogo, província da Argentina
Ushuaia, capital da Terra do Fogo, província da Argentina - Sputnik Brasil, 1920, 29.04.2025
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O chefe do Comando Sul dos EUA, Alvin Holsey, visitará a cidade mais ao sul da Argentina para fortalecer o projeto de uma "base naval conjunta". Analistas consultados pela Sputnik alertaram que os EUA buscam militarizar a área como parte de sua disputa com a China.
O Comando Sul dos EUA insiste em estabelecer presença na Argentina e avançar com o estabelecimento de uma base naval conjunta no extremo sul do território argentino, próximo à Antártica e à conexão mais ao sul entre os oceanos Atlântico e Pacífico.
Enquanto a maioria das autoridades internacionais em visita à Argentina permanece em Buenos Aires, o chefe do Comando Sul, Alvin Holsey, incluiu uma visita a Ushuaia, a cidade mais ao sul do país, em sua agenda oficial.
A antecessora de Holsey, Laura Richardson, já havia estado em Ushuaia em abril de 2024 para visitar, juntamente com o presidente Javier Milei, a Base Naval Austral, uma instalação da Marinha argentina localizada no canal de Beagle, uma das conexões estratégicas entre o Atlântico e o Pacífico naquela região e um porto logístico fundamental para as operações na Antártica. Na ocasião, Milei e Richardson anunciaram uma "base naval conjunta" entre os dois países.
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'Subordinados' do governo

Em entrevista à Sputnik, Luciano Anzelini, doutor em Ciências Sociais pela Universidade de Buenos Aires e mestre em Estudos Internacionais pela Universidade Torcuato Di Tella, considerou que a presença do novo líder militar norte-americano em Ushuaia confirma que o Pentágono está "levando a sério" o projeto da base conjunta.

"Se prestarmos atenção aos documentos preparados pelo Pentágono e pela inteligência norte-americana nos últimos quatro ou cinco anos, podemos ver que, como nunca, uma ênfase significativa está sendo colocada em regiões que antes estavam fora do radar, como o Ártico e a Antártica", observou o especialista.

Anzelini enfatizou que, com base nesses documentos, é possível perceber como "o Atlântico Sul, a projeção antártica e a natureza bioceânica da região desempenham um papel cada vez mais relevante", especialmente no contexto da "disputa global com a China". De fato, a penetração do gigante asiático no Cone Sul é vista com particular preocupação em Washington, explicou o acadêmico.
Para Anzelini, o maior problema é que a importância geopolítica do Atlântico Sul não é vista com a mesma seriedade no país sul-americano. "A importância da região para os EUA impõe uma lógica ao governo argentino, que se subordina a essa agenda em função de suas necessidades econômicas", observou.
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A militarização do sul da Argentina

Embora tenha se passado quase um ano desde o primeiro anúncio, as reformas necessárias para uma base conjunta em Ushuaia parecem não ter avançado, segundo Moisés Solorza, analista internacional de Ushuaia, à Sputnik.

Para o especialista, a própria "motosserra" que o presidente Javier Milei aplicou às obras públicas argentinas, suspendendo a grande maioria dos projetos, paradoxalmente resultou em que "ainda não tenha sido movimentado um único metro cúbico de terra referente à base naval conjunta".

Solorza, por sua vez, vincula o projeto da base conjunta ao radar da empresa norte-americana Leolabs, instalado em 2023 em Tolhuin, cidade vizinha de Ushuaia, também na província da Terra do Fogo. A empresa é suspeita de fornecer informações militares estratégicas aos governos dos EUA e do Reino Unido.
Para o especialista, os crescentes exercícios militares britânicos "com fogo real e drones" nas Ilhas Malvinas e até mesmo um recente acordo entre os governos do Chile e do Reino Unido para o desenvolvimento da indústria naval chilena no sul do país também devem ser adicionados à lista de preocupações.
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