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'Guerra em surdina': a história de um pracinha, tradutor e guardião da língua russa (VÍDEO)

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Boris Schnaiderman teve uma vida como tradutor e professor de língua e literatura russas, mas também passou por vivências históricas, inclusive durante a luta na Segunda Guerra Mundial.
Sua filha, Miriam Schnaiderman, explica à Sputnik Brasil que o conflito marcou profundamente a vida do pai e que as memórias desse período estão refletidas no livro "Guerra em surdina", de autoria dele.
Publicada em 1964, a obra é uma ficção baseada em suas próprias experiências como soldado durante a guerra, pela Força Expedicionária Brasileira (FEB). "É uma descrição muito tocante de como foi estar no meio de todo mundo que embarcava para a Itália, como foi depois a campanha na Itália."
Judeu ucraniano nascido em Kiev, Boris se naturalizou brasileiro para poder lutar contra o nazifascismo. Segundo ela, essa decisão foi um reflexo de sua coerência política e de seu desejo de estar ao lado da luta pela liberdade e justiça.
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Seu engajamento político permaneceu firme, não só durante a guerra, mas por toda a sua vida. Em 1969, durante a ditadura militar no Brasil, Boris foi preso várias vezes, sempre se posicionando contra a repressão e pela liberdade.
"Em 1969, depois do AI-5, a polícia estava indo atrás dos alunos na cidade universitária… E ele falou: 'Dá licença o quê? É o meu giz contra a sua metralhadora'."
A paixão de Boris pela língua e cultura russas foi uma constante ao longo de sua vida. Após se estabelecer no Brasil, ele decidiu mudar de carreira, abandonando a engenharia agronômica para se dedicar à tradução e ao ensino da língua russa.

"Ele tinha um cuidado muito terno com o leitor que ele tem, né? Todos os textos que ele traduziu…"

Em São Paulo, fundou o curso de língua e literatura russa na Universidade de São Paulo (USP), feito notável sobretudo no contexto político e social da época. Miriam explica que, mesmo em tempos difíceis, ele se manteve firme no propósito de ensinar e preservar a língua e cultura russas no Brasil.
"Ele tinha um grande prazer de traduzir e tinha toda uma teoria da tradução, ele era contra embelezar ou domesticar o que estava selvagem no russo."
Para ele, a obra traduzida deve ser fiel à original, sem adaptações artificiais. Entre suas traduções mais conhecidas, está a obra "A poesia russa moderna", considerada um marco no campo da literatura traduzida no Brasil.
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Os traumas de guerra

A relação de Boris com a guerra nunca foi algo facilmente superado. "Num dos encontros que ele teve na Itália, ele foi reconhecido por um motorista de ônibus, que o viu e disse: 'Você era daqueles rapazes, eu era menino'", descreveu Miriam.
Segundo ela, esse momento de reconhecimento emocionou Boris profundamente.
"Ele passava anos sofrendo com a escrita dessa que é uma linguagem de ficção, mas baseada totalmente nas memórias", conta Miriam.
A vivência de Boris na guerra, marcada por traumas e angústias, era algo com que ele lidava até o fim de sua vida. "Eu lembro muito de meu pai e minha mãe, eu criança, falando da guerra."
Boris não só introduziu a literatura russa no Brasil, mas também viveu e transmitiu sua história de vida como uma verdadeira missão cultural e política. "Além das traduções, uma postura com a vida, assim, política, engajada e amorosa."
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