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O mundo precisa acabar com o 'Plano Marshall às avessas', diz Lula na 2ª plenária do BRICS

© Foto / Isabela CastilhoEncontro de autoridades internacionais no primeiro dia da 17ª reunião da Cúpula do BRICS, no Rio de Janeiro
Encontro de autoridades internacionais no primeiro dia da 17ª reunião da Cúpula do BRICS, no Rio de Janeiro - Sputnik Brasil, 1920, 06.07.2025
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O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, voltou a criticar os organismos internacionais multilaterais na tarde deste domingo (6), na Cúpula do BRICS, realizada no Rio de Janeiro, na segunda sessão plenária, com o tema "Fortalecimento do Multilateralismo, Assuntos Econômico-Financeiros e Inteligência Artificial".
Segundo ele, diferentemente do Plano Marshall — programa de ajuda econômica dos EUA para a reconstrução da Europa após a Segunda Guerra Mundial —, entidades como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial ajudam os países mais abastados, em detrimento dos mais pobres.

"Não podemos continuar com as organizações multilaterais funcionando no mesmo molde que começaram", criticou o chefe do Executivo brasileiro. "É preciso ter inovação nas instituições criadas depois da Segunda Guerra Mundial para que a gente possa fortalecer a democracia e o multilateralismo."

Lula destacou que, na Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) de Sevilha, na Espanha, sobre Financiamento para o Desenvolvimento, encerrada na semana passada, "ficou evidente" que a Agenda 2030 da ONU para o Desenvolvimento Sustentável não recebeu recursos suficientes para erradicar a pobreza, proteger o planeta e garantir prosperidade para todos.

"As estruturas do Banco Mundial e do FMI sustentam um Plano Marshall às avessas, em que as economias emergentes e em desenvolvimento financiam o mundo mais desenvolvido. Os fluxos de ajuda internacional caíram, e o custo da dívida dos países mais pobres aumentou. O modelo neoliberal aprofunda as desigualdades. Três mil bilionários ganharam US$ 6,5 trilhões [R$ 35,2 trilhões] desde 2015. Justiça tributária e combate à evasão fiscal são fundamentais para consolidar estratégias de crescimento inclusivas e sustentáveis", defendeu Lula.

Lula celebrou o apoio à negociação de uma "Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Cooperação Tributária Internacional" na declaração do BRICS, que pode ajudar a dar fôlego para que mais países apoiem o realinhamento de quotas inclusivo, com fórmula de cálculo simples, equilibrada e transparente na 17ª Revisão Geral de Quotas do FMI.

"Mesmo nos termos atuais, as distorções são inegáveis. Para fazer jus ao nosso peso econômico, o poder de voto dos membros do BRICS no FMI deveria corresponder, pelo menos, a 25%, e não aos 18% que detemos atualmente", argumentou Lula.

O Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) passa uma mensagem de mudança, arrematou o presidente. "Onde os arranjos desenhados no pós-Guerra insistem em falhar, o Novo Banco de Desenvolvimento dá uma lição de governança. O ingresso da Argélia e o processo de adesão da Colômbia, do Uzbequistão, do Peru e de todos os demais que a companheira Dilma Rousseff anunciou atestam a capacidade do banco de oferecer financiamento para uma transição justa e soberana."
A reforma da Organização Mundial do Comércio (OMC) é outro eixo de ação imprescindível e urgente, assinalou o mandatário do Brasil.

"Sua paralisia e o recrudescimento do protecionismo criam uma situação de assimetria insustentável para os países em desenvolvimento. Não será possível restabelecer a confiança na OMC sem promover um equilíbrio justo de obrigações e direitos que reflita adequadamente os interesses de todos os seus membros."

Por fim, Lula defendeu, na área da tecnologia e informação, um estudo de viabilidade para o estabelecimento de cabos submarinos ligando diretamente membros do BRICS. Isso aumentará a velocidade, a segurança e a soberania na troca de dados, ponderou.
"Ao adotar a Declaração sobre Governança da Inteligência Artificial, o BRICS envia uma mensagem clara e inequívoca. As novas tecnologias devem atuar dentro de um modelo de governança justo, inclusivo e equitativo", concluiu.
Abertura da Cúpula do BRICS no Rio de Janeiro com discurso do presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva. Brasil, 6 de julho de 2025 - Sputnik Brasil, 1920, 06.07.2025
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Mais cedo, em declaração conjunta, os chefes de Estado reafirmaram seu compromisso com a reforma da governança global, defenderam o multilateralismo e anunciaram a entrada da Indonésia como novo membro do bloco. Outros 11 países também foram reconhecidos como parceiros do BRICS, sinalizando a ampliação da influência do grupo em regiões estratégicas do Sul Global.
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