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Extrema-direita europeia e quebra de hegemonia ocidental podem deteriorar a OTAN, avaliam analistas
Extrema-direita europeia e quebra de hegemonia ocidental podem deteriorar a OTAN, avaliam analistas
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Especialistas acreditam que aliança militar tem desviado o foco da fundação, inclusive com falas atípicas do secretário-geral Mark Rutte ameaçando Brasil... 30.07.2025, Sputnik Brasil
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A Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) foi criada no fim da década de 1940 visando deter uma suposta ameaça da União Soviética. Quase 100 anos depois, o grande inimigo da OTAN continua a ser Moscou — agora, na figura da Rússia —, mas questões internas, que envolvem os Estados-membros e a ascensão do Sul Global, podem estar deteriorando o grupo aos poucos.Em entrevista ao podcast Mundioka, da Sputnik Brasil, analistas alertam que a extrema-direita nos países da Europa e a decadência do Ocidente hegemônico, que assiste ao surgimento de outras organizações de força, podem levar ao fim gradativo da OTAN.Segundo o professor de geopolítica da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), escritor e analista de organizações militares Vinicius Modolo Teixeira, à medida que o Ocidente perde poder de influência sobre outros países e organizações, a OTAN também passa a corroer.Teixeira não acredita em um interesse dos Estados Unidos de se desligarem da OTAN, uma vez que Washington é um dos principais beneficiados da aliança: tanto na questão geopolítica, patrocinando confrontos, como no fornecimento de armas, o que movimenta a indústria bélica norte-americana.A doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas) e pesquisadora do Grupo de Estudos sobre o BRICS (Gebrics) da Universidade de São Paulo (USP) Luana Paris também alerta para o crescimento da extrema-direita na Europa e a aversão dessa corrente às alianças multilaterais, como a OTAN.Ademais, Paris questiona se a OTAN continua a ser uma aliança militar ou se o grupo se tornou uma organização de questões políticas internacionais que pode tentar se opor às instituições do Sul Global, como o BRICS. A especialista também questiona a deslegitimidade da Organização das Nações Unidas (ONU) perante o mundo e, por sua vez, os EUA.BRICS × OTANBRICS e OTAN, em teoria, não estão no mesmo campo de atuação. Enquanto o agrupamento formado por 11 países do Sul Global se define como foro de articulação político-diplomática, a Aliança do Atlântico é um grupo militar de defesa mútua entre os 32 Estados-membros.Entretanto, o mundo das duas organizações começou a se cruzar no início deste mês, quando o secretário-geral da OTAN, Mark Rutte, afirmou que países como Brasil, China e Índia serão sancionados por negociar com a Rússia, alvo de barreiras tarifárias ocidentais desde fevereiro de 2022.Para Teixeira, a atitude de Rutte não condiz com o cargo que o neerlandês ocupa, classificando as ameaças do secretário-geral como um dos discursos "mais incisivos fora de uma realidade da OTAN dos últimos 70 anos".O especialista acredita que as falas de Rutte podem ser reflexo das atuais mudanças globais, como o surgimento de novos mercados emergentes, o avanço do diálogo entre os países do Sul Global e a queda de protagonismo de Estados Unidos e Europa.Já para Paris, as falas ofensivas a alguns países do BRICS feitas por Rutte têm nome e sobrenome: Donald Trump. A especialista destaca que a postura nada usual da OTAN está alinhada com o governo do republicano, que anteriormente já havia atacado o BRICS e ameaçado sancionar em 10% todos os países que fazem parte do grupo.A doutoranda destaca que o alerta para pressionar a Rússia por um cessar-fogo citou nominalmente Brasil, China e Índia, mas Rutte ocultou os próprios países da União Europeia que também comercializam com Moscou.
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Extrema-direita europeia e quebra de hegemonia ocidental podem deteriorar a OTAN, avaliam analistas
16:21 30.07.2025 (atualizado: 19:47 30.07.2025) Especiais
Especialistas acreditam que aliança militar tem desviado o foco da fundação, inclusive com falas atípicas do secretário-geral Mark Rutte ameaçando Brasil, China e Índia.
A
Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) foi criada no fim da década de 1940 visando deter uma suposta ameaça da
União Soviética. Quase 100 anos depois, o grande inimigo da OTAN
continua a ser Moscou — agora, na figura da Rússia —, mas questões internas, que envolvem os Estados-membros e a
ascensão do Sul Global, podem estar
deteriorando o grupo aos poucos.
Em entrevista ao
podcast Mundioka, da
Sputnik Brasil, analistas alertam que a
extrema-direita nos países da Europa e a
decadência do Ocidente hegemônico, que assiste ao surgimento de outras organizações de força,
podem levar ao fim gradativo da OTAN.
Segundo o professor de geopolítica da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), escritor e analista de organizações militares Vinicius Modolo Teixeira, à medida que o Ocidente perde poder de influência sobre outros países e organizações, a OTAN também passa a corroer.
"A OTAN ainda é importante, os EUA ainda são importantes, mas se eles forem perdendo o poder relativo, se forem perdendo a capacidade de organizar o mundo aos seus interesses, à medida que os países ocidentais perdem esse foco, a OTAN também deve ser esvaziada."
Teixeira não acredita em um interesse dos
Estados Unidos de se desligarem da OTAN, uma vez que
Washington é um dos principais beneficiados da aliança:
tanto na questão geopolítica, patrocinando confrontos,
como no fornecimento de armas, o que movimenta a indústria bélica norte-americana.
"Você tem que vender armamentos, tem que vender equipamento militar e precisa de uma guerra para gastar. Quando você tem exércitos com estoques cheios, ninguém compra mais nada. Então, precisa de um conflito para desocupar esse equipamento militar."
A doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas) e pesquisadora do Grupo de Estudos sobre o BRICS (Gebrics) da Universidade de São Paulo (USP) Luana Paris também alerta para o crescimento da extrema-direita na Europa e a aversão dessa corrente às alianças multilaterais, como a OTAN.
"Existe uma divergência em relação a grupos multilaterais. Existem grupos da extrema-direita que enxergam esse globalismo com maus olhos. Então, entendem que, por exemplo, não tem que ter investimento para esse tipo de organização. O dinheiro do país tem que ficar dentro do país para a militarização do próprio país, para as forças de defesa do próprio país não entregarem esse dinheiro, por exemplo, para outras nações."
Ademais, Paris questiona se a OTAN continua a ser uma aliança militar ou se o grupo se tornou uma organização de questões políticas internacionais que pode tentar se opor às instituições do Sul Global, como o BRICS. A especialista também questiona a deslegitimidade da Organização das Nações Unidas (ONU) perante o mundo e, por sua vez, os EUA.
"A ONU tem sofrido um enfraquecimento. Então, talvez, o caminho agora para os Estados Unidos, por exemplo, se reafirmarem como hegemonia, seja pela OTAN, mas esse é o meu palpite analítico."
BRICS e OTAN, em teoria, não estão no mesmo campo de atuação. Enquanto o agrupamento formado por 11 países do Sul Global se define como foro de articulação político-diplomática, a Aliança do Atlântico é um grupo militar de defesa mútua entre os 32 Estados-membros.
Entretanto, o mundo das duas organizações começou a se cruzar no início deste mês, quando o secretário-geral da OTAN, Mark Rutte, afirmou que países como Brasil, China e Índia serão sancionados por negociar com a Rússia, alvo de barreiras tarifárias ocidentais desde fevereiro de 2022.
Para Teixeira, a atitude de Rutte não condiz com o cargo que o neerlandês ocupa, classificando as ameaças do secretário-geral como um dos discursos "mais incisivos fora de uma realidade da OTAN dos últimos 70 anos".
"Uma organização que, a princípio, se presta à defesa do Atlântico Norte, da Europa, querendo arbitrar questões comerciais e acordos internacionais fora da sua área de abrangência é algo bastante perigoso e que me surpreendeu."
O especialista acredita que as falas de Rutte podem ser reflexo das atuais mudanças globais, como o surgimento de novos mercados emergentes, o avanço do diálogo entre os países do Sul Global e a queda de protagonismo de Estados Unidos e Europa.
"[A OTAN] está nos colocando responsabilidades e nos ameaçando de retaliação sobre condições que nós não temos como arbitrar. Nós não temos como — Brasil ou, mesmo, Índia e China — conversar com o governo russo e propor um acordo de paz que seja ainda benéfico para o Ocidente, o que eles desejam."
Já para Paris, as falas ofensivas a alguns países do BRICS feitas por Rutte têm nome e sobrenome: Donald Trump. A especialista destaca que a postura nada usual da OTAN está alinhada com o governo do republicano, que anteriormente já havia atacado o BRICS e ameaçado sancionar em 10% todos os países que fazem parte do grupo.
"De forma muito peculiar, no mesmo balaio que Trump traz o tarifaço contra o Brasil, ameaças ao BRICS e a quem se aliar à desdolarização, traz também essa pressão [pelo acordo de paz] aos países. Acho que tem um dedo muito forte do que é a liderança do Donald Trump nesse sentido. Não é algo que a gente está acostumada a ver da OTAN."
A doutoranda destaca que o alerta para
pressionar a Rússia por um cessar-fogo citou nominalmente Brasil, China e Índia, mas Rutte ocultou os próprios países da
União Europeia que também comercializam com Moscou.
"Qual vai ser o caminho para conter essa ameaça [do BRICS], para frear essa ameaça? É tentar desarticular esse grupo."
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