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Colômbia retira linha de crédito do FMI com melhora das condições econômicas

© AP Photo / Jose Luis MaganaA diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, fala durante uma coletiva de imprensa após a reunião do Comitê Monetário e Financeiro Internacional (CMFI), durante as Reuniões de Primavera do Banco Mundial/FMI na sede do fundo em Washington, 25 de abril de 2025
A diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, fala durante uma coletiva de imprensa após a reunião do Comitê Monetário e Financeiro Internacional (CMFI), durante as Reuniões de Primavera do Banco Mundial/FMI na sede do fundo em Washington, 25 de abril de 2025 - Sputnik Brasil, 1920, 04.10.2025
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Apesar dos questionamentos do FMI sobre a posição fiscal da Colômbia, o governo de Petro aproveitou o crescimento de suas reservas internacionais para cancelar uma Linha de Crédito Flexível com a organização. Analistas consultados pela Sputnik disseram que a posição do país latino-americano permite que ele considere outras formas de financiamento.
Quase seis meses após o Fundo Monetário Internacional (FMI) decidir suspender o acesso da Colômbia à Linha de Crédito Flexível (LCF) que o país havia acordado em 2024, o governo de Gustavo Petro decidiu encerrar o instrumento e, a partir de 1º de janeiro de 2026, quitar sua dívida com a organização multilateral.
A decisão foi anunciada conjuntamente pelo Ministério da Fazenda da Colômbia e pelo Banco da República, que observaram que a linha de crédito totalizava aproximadamente US$ 8,1 bilhões (mais de R$ 43,2 bilhões) e, embora tivesse sido renovada em 2024, havia sido inicialmente acordada pelo governo de Iván Duque (2018-2022).
O ex-presidente apresentou a linha de crédito como uma ferramenta para enfrentar os desafios financeiros impostos pelas consequências econômicas da pandemia de COVID-19, decisão criticada por Petro. Após anunciar o cancelamento do instrumento, ele comemorou em sua conta nas redes sociais ter "cumprido o empréstimo que Duque irresponsavelmente tomou com o FMI".

'A decisão é consistente'

Em conversa com a Sputnik, o analista econômico colombiano Diego Cortés considerou que a decisão adotada pelo governo Petro pode ser entendida à luz das dificuldades que o governo colombiano tem enfrentado para utilizar esses recursos. "O FMI decidiu não permitir o desembolso dos recursos abertos sob esta linha de crédito", lembrou o analista.
De fato, a organização começou a restringir o acesso da Colômbia à linha de crédito em abril de 2025, quando anunciou que a continuidade do programa estaria "condicionada ao resultado das consultas" programadas para o país sul-americano.
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A consulta foi concluída em 29 de setembro, e a visão da organização multilateral não foi mais auspiciosa, questionando os "repetidos desvios fiscais" do país e "a suspensão temporária da regra fiscal". O FMI alegou que "a política e o arcabouço fiscal enfraqueceram consideravelmente em comparação com a avaliação anterior de 'muito sólido', necessária para a manutenção da classificação na LCF".
Para Cortés, essa postura do FMI foi o que, em última análise, levou o governo colombiano a cancelar o acordo, que, de qualquer forma, obrigava o Estado colombiano a arcar com o custo da linha de crédito, independentemente de sua utilização. Segundo o próprio Petro, a Colômbia já pagou aproximadamente US$ 5 bilhões (cerca de R$ 26,6 bilhões) por esse instrumento.

"Se a linha de crédito não puder ser utilizada neste momento, não faz sentido continuar mantendo essa forma de financiamento aberta e os custos que dela decorrem. A decisão é consistente com a não alocação de mais recursos para uma linha de crédito que não pode ser utilizada neste momento", explicou o especialista.

Cortés acrescentou que, ao cancelar o acordo, a Colômbia recuperará o dinheiro pago pelo instrumento e também poderá desviar os recursos que havia reservado anteriormente para esses pagamentos para outras políticas públicas.
Consultado pela Sputnik, o economista colombiano Christian Méndez observou que os juros da dívida são "despesas inflexíveis" que, juntamente com a própria dívida externa, consomem grande parte dos orçamentos. Dada a perspectiva para janeiro de 2026, o governo poderia desviar esses recursos "para investimentos voltados ao crescimento econômico".
Para isso, esclareceu Méndez, o governo colombiano precisa consolidar sua capacidade de geração de receita. Nesse sentido, podem surgir "discussões de política econômica", como a possibilidade de uma reforma tributária, um dos objetivos do atual governo.
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'Recuperação econômica e de investimentos'

No mesmo comunicado que anunciou o cancelamento da LCF, o Banco da República do país latino-americano buscou tranquilizar o país sobre as opções de financiamento emergencial, apesar de não dispor de uma ferramenta como a oferecida pelo FMI.
Nesse sentido, a organização avaliou que o país vive um período em que "os níveis de liquidez são adequados" e as reservas internacionais atingiram US$ 65,5 bilhões (cerca de R$ 349,6 bilhões), resultado de um "programa de acumulação de reservas" implementado em 2024, que arrecadou US$ 1,5 bilhão (mais de R$ 8 bilhões), e da rentabilidade das carteiras, que contribuíram com US$ 4,5 bilhões (aproximadamente R$ 24,01 bilhões) entre 2024 e 2025.

"As reservas internacionais cresceram em um ano, assim como a rentabilidade dessas reservas, graças à decisão do Banco da República de usar essa rentabilidade para acumular reservas até atingir níveis adequados", afirmou Cortés, enfatizando que o país mantém um bom nível de reservas, mesmo para os padrões do FMI.

Ao mesmo tempo, comentou o analista, a Colômbia apresentou melhora nos índices que medem o risco em mercados emergentes, fazendo com que diferentes investidores vejam o país sul-americano como "menos arriscado" para investimentos. Para Cortés, há "confiança na região e na Colômbia em particular", o que pode servir para reduzir as taxas de juros de potenciais empréstimos e títulos emitidos no exterior, minimizando o risco de a Colômbia enfrentar problemas de liquidez em um futuro próximo.
Para Cortés, após um 2023 marcado por "números ruins", a economia colombiana alcançou uma "recuperação econômica e de investimentos" como nunca havia visto antes, resultando, por exemplo, na queda do desemprego para 8,6%, o menor índice desde 2001.
Méndez afirmou ainda que o governo colombiano mantém "metas de inflação confiáveis" (3% até 2025) e "crescimento econômico positivo" (2,1% do PIB após o primeiro semestre de 2025), o que permite ao governo Petro estar otimista quanto à "normalização da política fiscal" e ao "compromisso com transformações estruturais da economia colombiana".
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