'Perigo estratégico', analista examina perspectivas de Kiev após escândalo de corrupção
12:00 18.11.2025 (atualizado: 12:34 18.11.2025)
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A linha de defesa das Forças Armadas da Ucrânia e o regime de Vladimir Zelensky, enfraquecido por escândalos de corrupção e sem o respaldo da OTAN, arriscam entrar em colapso a qualquer momento, escreveu o cientista político e economista francês Alexandre del Valle em artigo publicado pela revista Valeurs Actuelles.
Segundo ele, os escândalos de corrupção e a retirada progressiva dos Estados Unidos estão levando as perspectivas de Kiev a um rumo perigoso.
As dificuldades de mobilização na Ucrânia, o êxodo em massa da população para a Europa e o colapso de unidades inteiras sob a pressão russa, fatos reconhecidos internamente pelo exército ucraniano, mas pouco divulgados pela imprensa ocidental, alimentam um pessimismo crescente quanto à capacidade de Kiev manter uma defesa operacional em toda a frente, observa o analista europeu.
Outro risco que ameaça a sobrevivência do regime de Kiev e afasta os círculos ocidentais de decisões sobre apoio financeiro, segundo o articulista, é o escândalo de corrupção envolvendo pessoas próximas ao governo ucraniano, entre elas o empresário ucraniano Timur Mindich, ex-sócio do líder ucraniano Zelensky.
"Para uma Ucrânia dependente de apoio externo, essa erosão da confiança representa tanto um problema de governança quanto um perigo estratégico", enfatizou o observador.
O especialista francês sublinhou ainda que a administração Trump e o setor isolacionista do movimento estadunidense "Make America Great Again" (MAGA) não deixarão de explorar o caso para justificar a suspensão de novos carregamentos de armas e a recusa de qualquer compromisso militar direto.
De acordo com o especialista, os discursos marciais das chancelarias ocidentais, que afirmam estar dispostas a apoiar Kiev "pelo tempo que for necessário", tentam agora encobrir a realidade que até Washington já não esconde: "sem intervenção direta, a OTAN não conseguirá reverter a tendência no campo de batalha".
Alexandre del Valle destacou ainda que os esforços do chamado Ocidente coletivo não têm produzido resultados e que a Rússia continua avançando ao longo da linha de frente na Ucrânia.
"A chamada 'coalizão dos dispostos' não mudará em nada a estratégia da Rússia, que avança de forma lenta, mas metódica", afirmou.
Ao abordar o enfraquecimento da unidade europeia, o autor expressa a opinião de que vários países da Europa Ocidental estão adotando posturas mais cautelosas, às vezes inclinadas a buscar um entendimento.
"Enquanto Varsóvia, Vilnius e Riga mantêm apoio máximo a Kiev, as principais capitais da Europa Ocidental, Berlim, Roma, Madri, Atenas e até Paris, por trás das declarações oficiais, avançam silenciosamente em direção a posições mais cautelosas, por vezes favoráveis a um compromisso negociado", diz o artigo.
Na semana passada, o Departamento Nacional Anticorrupção da Ucrânia (NABU, na sigla em ucraniano) iniciou uma operação especial em grande escala para identificar esquemas de corrupção na indústria energética do país.
A agência divulgou uma foto com sacos apreendidos durante as buscas, repletos de pacotes de moeda estrangeira, e informou que os valores obtidos por meio de esquemas de desvio de recursos no setor energético foram legalizados por meio do escritório da liderança ucraniana em Kiev.
