https://noticiabrasil.net.br/20251204/efeito-bola-de-neve-que-pode-colocar-em-risco-o-governo-por-que-equador-tera-divida-recorde-em-2026-45757653.html
Efeito bola de neve que pode colocar em risco o governo: por que Equador terá dívida recorde em 2026?
Efeito bola de neve que pode colocar em risco o governo: por que Equador terá dívida recorde em 2026?
Sputnik Brasil
O Equador terá que pagar mais de US$ 12 bilhões (mais de R$ 64 bilhões) em 2026 apenas para o serviço da dívida, um valor recorde em sua história... 04.12.2025, Sputnik Brasil
2025-12-04T02:13-0300
2025-12-04T02:13-0300
2025-12-04T09:00-0300
panorama internacional
américas
economia
daniel noboa
lenín moreno
equador
quito
fmi
assembleia nacional do equador
produto interno bruto
https://cdn.noticiabrasil.net.br/img/07e9/0c/04/45757880_0:0:3072:1728_1920x0_80_0_0_5bc1771e6f2f84765ef2223191200a51.jpg
No final de novembro, a Assembleia Nacional do Equador aprovou o Orçamento Geral Pro Forma do Estado para 2026, documento no qual o governo do presidente Daniel Noboa apresenta suas projeções orçamentárias para o próximo ano aos legisladores. No documento, o governo do país sul-americano projeta um orçamento de mais de US$ 46 bilhões (R$ 244,23 bilhões) para o ano e um déficit de pouco mais de US$ 5 bilhões (R$ 26,55 bilhões).No entanto, o número que mais alarma os especialistas é o peso que o serviço da dívida do Equador representará em 2026. De acordo com o orçamento pro forma, o Equador terá que pagar US$ 12,387 bilhões (R$ 65,77 bilhões) em 2026 somente em sua dívida, incluindo principal e juros.Eva Martínez-Acosta, coordenadora da área de Justiça Econômica do Centro de Direitos Econômicos e Sociais (CDES), disse à Sputnik que o valor a ser pago em 2026 representa "um dos maiores níveis de serviço da dívida na história recente do Equador" e que, longe de ser "um número isolado", é "resultado de como o perfil de vencimento da dívida foi reconfigurado na última década".Segundo Martínez-Acosta, embora o peso da dívida já existisse, o problema se agravou em 2020, ano da pandemia de COVID-19, quando o Equador realizou "uma reestruturação de títulos que proporcionou alívio temporário, mas concentrou pesados pagamentos do principal a partir de 2026".A isso, ressaltou a integrante do CDES, devem ser adicionados os cronogramas de pagamento ao Fundo Monetário Internacional (FMI) — ao qual o país deve mais de US$ 8,7 bilhões (R$ 46,19 bilhões) — e ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).Mas o problema reside não apenas no montante que o Equador terá que destinar ao serviço da dívida em 2026, mas também no peso que esses desembolsos terão no orçamento total do Estado equatoriano para o período. Assim, o governo Noboa terá que operar em 2026 com "orçamentos extremamente rígidos", o que significa que "antes mesmo de se discutir políticas públicas, uma parcela muito grande do orçamento já está pré-alocada para o pagamento da dívida e juros".Tendência persiste desde a presidência de Lenín MorenoConsultado pela Sputnik, o sociólogo equatoriano Andrés Chiriboga, especialista em dívida, forneceu outra estatística ilustrativa sobre o peso da dívida: "Enquanto o serviço da dívida é de US$ 12 bilhões, o investimento no próximo orçamento não chega nem a US$ 1 bilhão."Para Chiriboga, o crescimento da dívida é produto de "uma visão míope e de curto prazo" que prioriza o acúmulo de recursos para o serviço da dívida em vez de encontrar maneiras de reduzi-la.Segundo o especialista, essa tendência começou com força durante o governo de Lenín Moreno (2017-2021) e se intensificou durante os governos de Guillermo Lasso (2021-2023) e o atual, de Noboa. "A dívida dobrou durante esses três governos", insistiu o analista.Chiriboga questionou por que esses governos priorizam o acúmulo de recursos para cumprir os pagamentos da dívida por meio de "cortes fiscais e reduções na folha de pagamento do setor público, bem como a privatização de ativos e empresas públicas" — medidas que frequentemente constam das exigências dos programas do FMI, um dos principais credores do Equador.Os cortes, observou o especialista, contrastam fortemente com as políticas dos governos equatorianos de "encobrir a saída de divisas estrangeiras pelas elites nacionais". Este não é um problema pequeno, considerando que, segundo dados do FMI, os ativos de equatorianos no exterior já representam quase 58% do produto interno bruto (PIB) do país sul-americano. De acordo com Chiriboga, o processo de endividamento de Quito acaba financiando esses processos de fuga de capitais.Martínez-Acosta concordou que os governos equatorianos têm se engajado em uma "gestão de dívida de curto prazo" que, por exemplo, "investiu agressivamente em títulos externos com juros altos" e acumulou um número excessivo de vencimentos de dívida até 2026, ao mesmo tempo que aumentou seus empréstimos junto a organizações multilaterais.Caso contrário, Martínez-Acosta alertou que o maior risco reside no fato de que "a agenda de um futuro governo não será ditada pelo planejamento de direitos e desenvolvimento, mas sim pelo cronograma de pagamentos dos credores".Nesse sentido, ela considerou que, sem uma mudança nessa tendência, o cenário para uma futura administração equatoriana "parece definitivo".
https://noticiabrasil.net.br/20251116/equatorianos-votam-nao-em-referendo-para-autorizar-bases-militares-estrangeiras-e-nova-constituinte-45246928.html
equador
quito
Sputnik Brasil
contato.br@sputniknews.com
+74956456601
MIA „Rossiya Segodnya“
2025
Sputnik Brasil
contato.br@sputniknews.com
+74956456601
MIA „Rossiya Segodnya“
notícias
br_BR
Sputnik Brasil
contato.br@sputniknews.com
+74956456601
MIA „Rossiya Segodnya“
https://cdn.noticiabrasil.net.br/img/07e9/0c/04/45757880_91:0:2822:2048_1920x0_80_0_0_9a210469d026fb2caa7a1dcf733556b6.jpgSputnik Brasil
contato.br@sputniknews.com
+74956456601
MIA „Rossiya Segodnya“
américas, economia, daniel noboa, lenín moreno, equador, quito, fmi, assembleia nacional do equador, produto interno bruto
américas, economia, daniel noboa, lenín moreno, equador, quito, fmi, assembleia nacional do equador, produto interno bruto
Efeito bola de neve que pode colocar em risco o governo: por que Equador terá dívida recorde em 2026?
02:13 04.12.2025 (atualizado: 09:00 04.12.2025) O Equador terá que pagar mais de US$ 12 bilhões (mais de R$ 64 bilhões) em 2026 apenas para o serviço da dívida, um valor recorde em sua história. Especialistas consultados pela Sputnik indicaram que a dívida representa mais de um terço da receita projetada para o período e faz com que a economia do país "gire" em torno dessa questão.
No final de novembro, a Assembleia Nacional do Equador aprovou o Orçamento Geral Pro Forma do Estado para 2026, documento no qual o
governo do presidente Daniel Noboa apresenta suas projeções orçamentárias para o próximo ano aos legisladores. No documento, o governo do país sul-americano projeta um
orçamento de mais de US$ 46 bilhões (R$ 244,23 bilhões) para o ano e um déficit de pouco mais de US$ 5 bilhões (R$ 26,55 bilhões).
No entanto, o número que mais alarma os especialistas é o peso que o serviço da dívida do Equador representará em 2026. De acordo com o orçamento pro forma, o Equador terá que pagar US$ 12,387 bilhões (R$ 65,77 bilhões) em 2026 somente em sua dívida, incluindo principal e juros.
Eva Martínez-Acosta, coordenadora da área de Justiça Econômica do Centro de Direitos Econômicos e Sociais (CDES), disse à Sputnik que o valor a ser pago em 2026 representa "um dos maiores níveis de serviço da dívida na história recente do Equador" e que, longe de ser "um número isolado", é "resultado de como o perfil de vencimento da dívida foi reconfigurado na última década".
"Diversos governos foram adiando obrigações, e hoje temos uma montanha de pagamentos se acumulando no curto prazo, em vez de um cronograma de pagamento da dívida distribuído e administrável."
Segundo Martínez-Acosta, embora o peso da dívida já existisse, o problema se agravou em 2020, ano da pandemia de COVID-19, quando
o Equador realizou
"uma reestruturação de títulos que proporcionou alívio temporário, mas concentrou pesados pagamentos do principal a partir de 2026".
A isso, ressaltou a integrante do CDES, devem ser adicionados os cronogramas de pagamento ao Fundo Monetário Internacional (FMI) — ao qual o país deve mais de US$ 8,7 bilhões (R$ 46,19 bilhões) — e ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
Mas o problema reside não apenas no montante que o Equador terá que destinar ao serviço da dívida em 2026, mas também no peso que esses desembolsos terão no orçamento total do Estado equatoriano para o período.
"Esses US$ 12 bilhões equivalem a aproximadamente 41% da receita total e 35% das despesas orçadas", alertou Martínez-Acosta.
Assim, o governo Noboa terá que operar em 2026 com "orçamentos extremamente rígidos", o que significa que "antes mesmo de se discutir políticas públicas, uma parcela muito grande do orçamento já está pré-alocada para o pagamento da dívida e juros".
Tendência persiste desde a presidência de Lenín Moreno
Consultado pela Sputnik, o sociólogo equatoriano Andrés Chiriboga, especialista em dívida, forneceu outra estatística ilustrativa sobre o peso da dívida: "Enquanto o serviço da dívida é de US$ 12 bilhões, o investimento no próximo orçamento não chega nem a US$ 1 bilhão."
"Os níveis de endividamento do país são extremamente altos, e a política econômica gira em torno do serviço da dívida, em detrimento de gastos necessários com saúde, educação e outros investimentos."
Para Chiriboga, o crescimento da dívida é produto de "uma visão míope e de curto prazo" que prioriza o acúmulo de recursos para o serviço da dívida em vez de encontrar maneiras de reduzi-la.
Segundo o especialista, essa tendência começou com força durante o governo de Lenín Moreno (2017-2021) e se intensificou durante os governos de Guillermo Lasso (2021-2023) e o atual, de Noboa. "A dívida dobrou durante esses três governos", insistiu o analista.
Chiriboga questionou por que esses governos priorizam o acúmulo de recursos para cumprir os pagamentos da dívida por meio de "cortes fiscais e reduções na folha de pagamento do setor público, bem como a privatização de ativos e empresas públicas" — medidas que frequentemente constam das exigências dos programas do FMI, um dos principais credores do Equador.
Os cortes, observou o especialista, contrastam fortemente com as políticas dos governos equatorianos de "encobrir a saída de divisas estrangeiras pelas elites nacionais". Este não é um problema pequeno, considerando que, segundo dados do FMI, os ativos de equatorianos no exterior já representam quase 58% do produto interno bruto (PIB) do país sul-americano. De acordo com Chiriboga, o processo de endividamento de Quito acaba financiando esses processos de fuga de capitais.
Martínez-Acosta concordou que os governos equatorianos têm se engajado em uma "gestão de dívida de curto prazo" que, por exemplo, "investiu agressivamente em títulos externos com juros altos" e acumulou um número excessivo de vencimentos de dívida até 2026, ao mesmo tempo que aumentou seus empréstimos junto a organizações multilaterais.
"O que o Equador precisa não é de mais desembolsos, mas de uma discussão sobre como romper esse ciclo de superendividamento sem permanecer subordinado à política fiscal e à lógica dos programas do FMI."
Caso contrário, Martínez-Acosta alertou que o maior risco reside no fato de que "a agenda de um futuro governo não será ditada pelo planejamento de direitos e desenvolvimento, mas sim pelo cronograma de pagamentos dos credores".
Nesse sentido, ela considerou que, sem uma mudança nessa tendência, o cenário para uma futura administração equatoriana "parece definitivo".
Acompanhe as notícias que a grande mídia não mostra!
Siga a Sputnik Brasil e tenha acesso a conteúdos exclusivos no nosso canal no Telegram.
Já que a Sputnik está bloqueada em alguns países, por aqui você consegue baixar o nosso aplicativo para celular (somente para Android).