Novo estudo reacende mistério dos cinturões de radiação nos gigantes de gelo do Sistema Solar
04:51 09.12.2025 (atualizado: 04:53 09.12.2025)

© Foto / NASA/JPL
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Urano e Netuno seguem como os mundos menos explorados do Sistema Solar, e novos estudos sugerem que a Voyager 2 pode ter registrado um pico temporário de radiação causado por um raro evento de vento solar — uma pista que reforça a urgência de uma missão dedicada aos gigantes de gelo.
Os gigantes de gelo Urano e Netuno continuam sendo os planetas menos explorados do Sistema Solar, conhecidos apenas graças ao breve sobrevoo da Voyager 2. A distância extrema que os separa da Terra fez com que nenhuma outra missão retornasse dados diretos, deixando uma série de enigmas abertos desde os anos 1980.
Entre as descobertas mais intrigantes da Voyager 2 está o registro de um cinturão de elétrons em Urano com níveis de energia muito superiores ao esperado. Esse achado contrariou modelos teóricos e permaneceu sem explicação convincente, mesmo após décadas de estudos sobre exoplanetas semelhantes.
Pesquisadores do Southwest Research Institute agora propõem uma nova interpretação: a sonda pode ter atravessado o sistema uraniano durante um evento transitório de vento solar. Esse tipo de estrutura, chamada "região de interação corrotativa", também afeta a Terra e é capaz de alterar drasticamente ambientes de radiação.
A equipe liderada pelo dr. Robert C. Allen reanalisou os dados da Voyager 2, comparando-os com observações modernas dos cinturões terrestres. Eventos registrados em 2019 mostraram que ondas de alta frequência podem não apenas dispersar elétrons, mas também acelerá-los a energias extremas.
Essa comparação sugere que Urano pode ter experimentado um processo semelhante no momento exato do sobrevoo. Em vez de um cinturão naturalmente intenso, a Voyager 2 pode ter captado um pico temporário causado pela interação entre vento solar e magnetosfera.
Se confirmada, a hipótese redefine a compreensão do ambiente de radiação de Urano e levanta novas questões sobre a física dessas ondas intensas, sua origem e sua frequência em sistemas planetários distantes. Também reforça a necessidade de medições contínuas, e não apenas instantâneas, para interpretar fenômenos tão complexos.
Para os cientistas, o estudo é mais um argumento para o envio urgente de uma nova missão a Urano — essencial para desvendar não só esse mistério, mas também para ampliar o conhecimento sobre Netuno e outros gigantes de gelo, que podem guardar pistas fundamentais sobre a formação de sistemas planetários.


