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Inflação volta a subir na Argentina ameaçando estabilização econômica
Inflação volta a subir na Argentina ameaçando estabilização econômica
Sputnik Brasil
Os preços subiram 2,5% em novembro, marcando seis meses consecutivos de alta inflacionária. Isso ocorre em meio a um câmbio controlado e uma queda no consumo... 14.12.2025, Sputnik Brasil
2025-12-14T00:49-0300
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A taxa de inflação acelerou novamente na Argentina, intensificando os questionamentos sobre a sustentabilidade do programa econômico do governo de Javier Milei, cujo principal sucesso havia sido o controle desse índice volátil. Em novembro, os preços ao consumidor subiram 2,5%, marcando o sexto mês consecutivo sem desaceleração, apesar da política fiscal contracionista e da intervenção do governo para conter o dólar e evitar uma desvalorização da moeda.Os dados do Instituto Nacional de Estatística e Censos (INDEC) confirmaram a consolidação de um piso inflacionário que vem se formando desde maio, quando o índice atingiu a mínima de 1,5%.Desde então, o indicador subiu gradual, mas persistentemente, atingindo novamente 2,5%, um nível que o mercado considera alto para uma economia em recessão com consumo deprimido.Na comparação anual, a inflação acumulou um aumento de 31,4%, enquanto os preços subiram 27,9% até agora em 2025. O desempenho de novembro foi impulsionado por um aumento simultâneo nos preços de serviços públicos e alimentos, duas categorias sensíveis que mais uma vez ultrapassaram a média geral e reacenderam o debate sobre os limites das medidas anti-inflacionárias.Os preços dos alimentos foram novamente um fator crítico. O aumento foi fortemente influenciado pela alta dos preços da carne, que registraram aumentos de dois dígitos no atacado e representaram uma parcela significativa da alta da categoria. Aumentos significativos também foram observados em frutas, verduras, frango e carne suína, em um contexto de recuperação ainda lenta do consumo. Este é um indicador sensível, dado o seu impacto direto sobre as linhas da pobreza e da extrema pobreza.A alta dos preços ocorreu mesmo com uma taxa de câmbio praticamente estável, graças à intervenção do governo com a venda de moeda estrangeira para sustentar o valor do dólar. No entanto, analistas alertam que a combinação do ajuste das tarifas de serviços públicos e da alta dos preços dos alimentos limita a capacidade de desacelerar ainda mais a inflação sem custos adicionais.Olhando para 2026, o governo argentino projeta uma inflação anual de 10,1% em sua proposta orçamentária. Dadas as dificuldades em manter uma taxa mensal abaixo de 2%, o mercado prevê que atingir essa meta é improvável.O cenário atual destaca um dos principais desafios do plano econômico: a inflação persistente em um contexto de desaceleração da atividade econômica e de câmbio controlado. Nesse contexto, persistem dúvidas quanto à margem de manobra para sustentar o quadro econômico, dada a impossibilidade de desacelerar ainda mais o aumento dos preços.Limitações do programa"A inflação vem subindo há meses, embora estejamos longe de uma situação como a de 2023", disse o analista financeiro Christian Buteler à Sputnik. Segundo o especialista, há diversos sinais que "ameaçam a estabilização econômica buscada pelo governo, cujo programa apresenta claras limitações após vários meses sem progressos significativos".Em termos temporais, o analista enfatizou que "seis meses se passaram entre maio e novembro, e em cinco desses meses a inflação acelerou", o que reflete as "dificuldades em consolidar uma queda sustentada em um contexto de preços regulados e pressões inflacionárias".A taxa de câmbio parece ser um fator crucial. "Hoje, o dólar está se valorizando 1% ao mês, enquanto a inflação está acima de 2%", explicou, o que gera "uma crescente defasagem cambial mês após mês, que pode ameaçar uma desvalorização caso persista". Contudo, o pesquisador esclareceu que o problema não é a produção, mas a demanda, já que "o valor do dólar não é atualmente um obstáculo à produção, mas sim a queda no consumo".Em relação à solução, Buteler descartou uma correção drástica: "A solução não é simplesmente uma desvalorização, porque isso apenas ganharia tempo até que a inflação voltasse a superar a valorização do dólar". Em vez disso, ele propôs "um sistema cambial mais flexível", mesmo que isso implique um dólar mais forte no curto prazo.No entanto, o especialista destacou que a drástica redução da inflação, da taxa mensal de 25,5% atingida em dezembro de 2023 após a desvalorização com a qual Milei inaugurou seu governo, é um mérito: "É claro que o ajuste teve efeitos e que o superávit fiscal é importante, mas o problema é que não é suficiente para estabilizar a inflação e a taxa de câmbio".Futuro incertoEntre os especialistas, a possibilidade de antecipar o cenário do próximo ano parece remota. Consultado pela Sputnik, o economista Ramiro Tosi destacou que "a inflação deverá fechar em torno de 31% este ano, o que representa uma queda em relação ao ano passado, mas sem ultrapassar o limite mínimo de 2% ao mês. Espera-se que em 2026 o ritmo de desaceleração seja ainda mais lento".Segundo o consultor, o cenário atual indica uma mudança de fase. "A partir de agora, a desinflação será um processo árduo: nenhum país consegue reduzir completamente a inflação em menos de cinco anos", portanto, o processo argentino deve ser "entendido numa perspectiva de médio prazo".O economista alertou que a dinâmica recente está consolidando um patamar preocupante. "Estamos vendo a inflação finalmente se estabilizar em 2% ao mês", indicou, o que representa uma melhora em relação aos anos anteriores, mas ainda "longe de parâmetros internacionais razoáveis para uma economia que busca previsibilidade".Nesse contexto, Tosi afirmou que "2% de inflação mensal é um número relativamente alto para qualquer país" e que o desafio do governo será romper esse patamar sem recorrer a desvalorizações cambiais. O risco, alertou ele, é que a inflação fique estagnada nesse nível e afete os salários, o consumo e as expectativas.
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Inflação volta a subir na Argentina ameaçando estabilização econômica
00:49 14.12.2025 (atualizado: 01:15 14.12.2025) Os preços subiram 2,5% em novembro, marcando seis meses consecutivos de alta inflacionária. Isso ocorre em meio a um câmbio controlado e uma queda no consumo interno. "A partir de agora, a desinflação será um processo árduo", disse um especialista à Sputnik.
A
taxa de inflação acelerou novamente na Argentina, intensificando os questionamentos sobre a sustentabilidade do
programa econômico do governo de Javier Milei, cujo principal sucesso havia sido o controle desse índice volátil. Em novembro, os preços ao consumidor subiram 2,5%, marcando o
sexto mês consecutivo sem desaceleração, apesar da política fiscal contracionista e da intervenção do governo para conter o dólar e evitar uma desvalorização da moeda.
Os dados do Instituto Nacional de Estatística e Censos (INDEC) confirmaram a consolidação de um piso inflacionário que vem se formando desde maio, quando o índice atingiu a mínima de 1,5%.
Desde então, o indicador subiu gradual, mas persistentemente, atingindo novamente 2,5%, um nível que o mercado considera alto para uma economia em recessão com consumo deprimido.
Na comparação anual, a inflação acumulou um aumento de 31,4%, enquanto os preços subiram 27,9% até agora em 2025. O desempenho de novembro foi impulsionado por um aumento simultâneo nos preços de serviços públicos e alimentos, duas categorias sensíveis que mais uma vez ultrapassaram a média geral e reacenderam o debate sobre os limites das medidas anti-inflacionárias.
Os preços dos alimentos foram novamente um fator crítico. O aumento foi fortemente influenciado pela alta dos preços da carne, que registraram aumentos de dois dígitos no atacado e representaram uma parcela significativa da alta da categoria. Aumentos significativos também foram observados em frutas, verduras, frango e carne suína, em um contexto de recuperação ainda lenta do consumo. Este é um indicador sensível, dado o seu impacto direto sobre as linhas da pobreza e da extrema pobreza.
A alta dos preços ocorreu mesmo com uma taxa de câmbio praticamente estável, graças à intervenção do governo com a venda de moeda estrangeira para sustentar o valor do dólar. No entanto, analistas alertam que a combinação do ajuste das tarifas de serviços públicos e da alta dos preços dos alimentos limita a capacidade de desacelerar ainda mais a inflação sem custos adicionais.
Olhando para 2026, o governo argentino projeta uma inflação anual de 10,1% em sua proposta orçamentária. Dadas as dificuldades em manter uma taxa mensal abaixo de 2%, o mercado prevê que atingir essa meta é improvável.
O cenário atual destaca um dos principais desafios do plano econômico: a inflação persistente em um contexto de desaceleração da atividade econômica e de câmbio controlado. Nesse contexto, persistem dúvidas quanto à margem de manobra para sustentar o quadro econômico, dada a impossibilidade de desacelerar ainda mais o aumento dos preços.
"A inflação vem subindo há meses, embora estejamos longe de uma situação como a de 2023", disse o analista financeiro Christian Buteler à Sputnik. Segundo o especialista, há diversos sinais que "ameaçam a estabilização econômica buscada pelo governo, cujo programa apresenta claras limitações após vários meses sem progressos significativos".
Em termos temporais, o analista enfatizou que "seis meses se passaram entre maio e novembro, e em cinco desses meses a inflação acelerou", o que reflete as "dificuldades em consolidar uma queda sustentada em um contexto de preços regulados e pressões inflacionárias".
A taxa de câmbio parece ser um fator crucial. "Hoje, o dólar está se valorizando 1% ao mês, enquanto a inflação está acima de 2%", explicou, o que gera "uma crescente defasagem cambial mês após mês, que pode ameaçar uma desvalorização caso persista". Contudo, o pesquisador esclareceu que o problema não é a produção, mas a demanda, já que "o valor do dólar não é atualmente um obstáculo à produção, mas sim a queda no consumo".
Em relação à solução, Buteler descartou uma correção drástica: "A solução não é simplesmente uma desvalorização, porque isso apenas ganharia tempo até que a inflação voltasse a superar a valorização do dólar". Em vez disso, ele propôs "um sistema cambial mais flexível", mesmo que isso implique um dólar mais forte no curto prazo.
No entanto, o especialista destacou que a drástica redução da inflação, da taxa mensal de 25,5% atingida em dezembro de 2023 após a desvalorização com a qual Milei inaugurou seu governo, é um mérito: "É claro que o ajuste teve efeitos e que o superávit fiscal é importante, mas o problema é que não é suficiente para estabilizar a inflação e a taxa de câmbio".
Entre os especialistas, a possibilidade de antecipar o cenário do próximo ano parece remota. Consultado pela Sputnik, o economista Ramiro Tosi destacou que "a inflação deverá fechar em torno de 31% este ano, o que representa uma queda em relação ao ano passado, mas sem ultrapassar o limite mínimo de 2% ao mês. Espera-se que em 2026 o ritmo de desaceleração seja ainda mais lento".
Segundo o consultor, o cenário atual indica uma mudança de fase. "A partir de agora, a desinflação será um processo árduo: nenhum país consegue reduzir completamente a inflação em menos de cinco anos", portanto, o processo argentino deve ser "entendido numa perspectiva de médio prazo".
O economista alertou que a dinâmica recente está consolidando um patamar preocupante. "Estamos vendo a inflação finalmente se estabilizar em 2% ao mês", indicou, o que representa uma melhora em relação aos anos anteriores, mas
ainda "longe de parâmetros internacionais razoáveis para uma economia que busca previsibilidade".
Nesse contexto, Tosi afirmou que "2% de inflação mensal é um número relativamente alto para qualquer país" e que o desafio do governo será romper esse patamar sem recorrer a desvalorizações cambiais. O risco, alertou ele, é que a inflação fique estagnada nesse nível e afete os salários, o consumo e as expectativas.
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