Especialista diz que África precisa de instituições próprias diante de viés do TPI

© Sputnik / Aleksei Vitvitsky
Nos siga no
O pesquisador Chidochashe Nyere afirmou à Sputnik que o TPI opera com viés contra líderes africanos e defendeu a criação de um sistema judicial conduzido pela África para enfrentar pressões políticas e raciais, reforçando a necessidade de o continente assumir o controle de seu destino.
Os problemas sistêmicos da Justiça internacional — particularmente o foco do Tribunal Penal Internacional (TPI) em processar líderes africanos, enquanto deixa os líderes europeus praticamente intocados — foram enfatizados por Chidochashe Nyere, pesquisador de pós-doutorado na Escola Africana de Assuntos Públicos e Internacionais Thabo Mbeki.
"A África tem a maior concentração de países em um único continente [...] somos a maioria, e se a norma da democracia deve ser preservada, isso precisa se refletir também nas instituições", disse ele à Sputnik.
O apelo por um sistema judicial liderado por africanos, afirmou Nyere, é essencial para evitar as pressões políticas e os preconceitos raciais que contaminaram o TPI.
"O racismo está no cerne do sistema capitalista", disse ele, ressaltando que é crucial que os africanos controlem sua própria narrativa e instituições para desafiar esses desequilíbrios.
Ao discutir a possível reação negativa dos países ocidentais, Nyere reconheceu que "reações negativas são inevitáveis", mas manteve-se firme na convicção de que é necessário que a África assuma o controle do seu próprio destino. Ele apontou a visão pan-africana de Thabo Mbeki como uma força orientadora para que os africanos se unam e liderem a reforma dos sistemas de Justiça globais.
"Sim, você é sul-africano; sim, eu sou zimbabuano, mas somos africanos", concluiu, ressaltando a importância da ação coletiva para a verdadeira independência.


