https://noticiabrasil.net.br/20251226/ano-de-2025-reforcou-expectativas-positivas-para-o-futuro-da-africa-avaliam-especialistas-46353181.html
Ano de 2025 reforçou expectativas positivas para o futuro da África, avaliam especialistas
Ano de 2025 reforçou expectativas positivas para o futuro da África, avaliam especialistas
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Historicamente, as notícias sobre a África que chegam por essas bandas são predominantemente negativas. Geralmente, quando há um estopim de conflitos... 26.12.2025, Sputnik Brasil
2025-12-26T17:32-0300
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Entretanto, nos últimos anos, os avanços e conquistas de nações africanas têm logrado furar a bolha da imprensa hegemônica e conquistado espaço nos noticiários ao redor do planeta.Ficou difícil ignorar que das 20 maiores economias que mais crescem, 14 estão na África, segundo a projeção do Fundo Monetário Internacional (FMI). As cinco economias que mais cresceram são africanas: Guiné (7,08%), Ruanda (7,1%), Senegal (8,44%) e Líbia (17,3%).Analistas ouvidos pelo podcast Mundioka, da Sputnik Brasil, nesta sexta-feira (26), avaliaram o ano de 2025 como mais positivo do que negativo para essa região.O professor destacou ao programa que o continente está muito mais interligado e focado na resolução conjunta dos seus desafios.Doutor em estudos estratégicos internacionais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Mamadou Alpha Diallo, o ano de 2025 foi marcado por uma série de eventos no continente que evidenciaram um despertar de lideranças africanas para uma visão estratégica e geopolítica crítica ao neocolonialismo. Ele citou como exemplo os processos de reorganização dos Estados do Sahel, Burkina Faso, Mali e Níger, que foram se consolidando em uma aliança e cuja integração tem trazido benefícios.África do Sul Um dos países de maior destaque no continente é a África do Sul, que surge como um ator poderoso na construção de autonomia e soberania na região.Nem o atrito com Estados Unidos boicotou a atuação sul-africana, na opinião de Otávio. O fato de a África do Sul ter levado Israel para as cortes internacionais pelo genocídio na Palestina pode ser um dos fatores que criaram um rota de colisão entre o país africano e o governo do republicano Donald Trump.Além disso, pontuou, o governo do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, é muito próximo do governo Trump, e uma série de medidas foram feitas este ano para prejudicar o país africano, como a retirada da ajuda humanitária e sanitária da USAID.Ainda assim, a África do Sul não retrocedeu e segue tocando em temas que causam atrito com Washington, como a questão do meio ambiente que foi um dos focos do G20. Aliás, a ausência dos EUA no G20 na África do Sul não prejudicou o evento, segundo os entrevistadosEsse cenário impulsionou a busca de apoio de outros países, sobretudo as potências emergentes, como China, Rússia e Brasil, além de parcerias visando benefícios no âmbito regional, contaram os convidados do programa.Congo e SudãoDentre os desafios elencados pelos professores, os conflitos e a violência permanecem em destaque, como é o caso do da República Democrática do Congo e o Sudão. A grande quantidade e diversidade de recursos naturais e energéticos desses países os torna chamarizes em tempo de disputas por terras raras, ressaltaram. Não por acaso, ocorre a presença recente norte-americana como mediador de conflito, que vem pressionando grupos insurgentes a abandonarem o conflito e facilitar o acesso a minerais estratégicos por empresas americanas.Grande fornecedor de matérias-primas, de potencial hídrico e de petróleo, desde 2023, o Sudão está envolto em uma sangrenta guerra civil, fruto da disputa de poder entre a Forças Armadas do país e paramilitares, após a derrubada do governo de Omar al-Bashir, que esteve 30 anos no poder.No mês passado, Trump declarou que líderes árabes pediram que ele usasse sua influência para ajudar a dar um fim imediato aos combates no Sudão.Ambos os analistas comentaram, no entanto, que a saída para crises como as do Sudão e do Congo exigem esforços internos e articulados entre os países da região, a começar por investimentos em infraestrutura para que os recursos retornem para a população.O perigo que vem de foraOs maiores obstáculos para um desenvolvimento sustentável e prolífero para a região parecem vir do exterior, de acordo com os especialistas. Essa influência é facilitada graças ao legado do período colonial de cooptação de elites locais pela Europa, após as independências das ex-colônias, lembrou Otávio."Qualquer crescimento, qualquer autonomização do continente africano pode gerar uma reação do imperialismo e do capitalismo. A persistência, a continuidade desse processo vai depender da capacidade de resiliência e de resistência dos países africanos", observou Dallio.O ano de 2025, porém, foi um duro golpe para países como França, que se aproveitam da influência colonial para adquirir com mais facilidade recursos como urânio e outros minérios de alto valor no mercado, argumentou Otávio.MultipolaridadeOs grupamentos que foram se formando a partir do novo milênio, como o BRICS e o G20, estão ganhando mais relevância no cenário de multipolaridade e pressionando por maior democratização da governança global. Neles, o alargamento da presença africana é indiscutível. Nesse ponto, ele mencionou também a consolidação da União Africana como um player internacional relevante, desde sua entrada em 2023 no G20, o fórum que simboliza a multilateralidade.Otávio expressou sua expectativa de que em 2026 a aliança passe por reformulações e leve em consideração as especificidades de cada conflito e Diallo defendeu uma União Africana "menos tímida" para voltar a ter autonomia e mais legitimidade.
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Ano de 2025 reforçou expectativas positivas para o futuro da África, avaliam especialistas
Historicamente, as notícias sobre a África que chegam por essas bandas são predominantemente negativas. Geralmente, quando há um estopim de conflitos regionais, golpes de Estado e crises humanitárias e instabilidades políticas.
Entretanto, nos últimos anos, os avanços e conquistas de nações africanas têm logrado furar a bolha da imprensa hegemônica e conquistado espaço nos noticiários ao redor do planeta.
Ficou difícil ignorar que das 20 maiores economias que mais crescem, 14 estão na África, segundo a projeção do Fundo Monetário Internacional (FMI). As cinco economias que mais cresceram são africanas: Guiné (7,08%), Ruanda (7,1%), Senegal (8,44%) e Líbia (17,3%).
Analistas ouvidos pelo podcast Mundioka, da Sputnik Brasil, nesta sexta-feira (26), avaliaram o ano de 2025 como mais positivo do que negativo para essa região.
"A gente pode aqui, sem medo de errar, indicar que o continente africano se torna cada vez mais estratégico pelas potencialidades, questão humana, questão de recursos naturais e energéticos e também no âmbito global", disse o professor de relações internacionais da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Anselmo Otávio.
O professor destacou ao programa que o continente está muito mais interligado e focado na resolução conjunta dos seus desafios.
Doutor em estudos estratégicos internacionais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS),
Mamadou Alpha Diallo, o ano de 2025 foi
marcado por uma série de eventos no continente que evidenciaram um despertar de lideranças africanas para uma
visão estratégica e geopolítica crítica ao neocolonialismo.
Ele citou como exemplo os processos de reorganização dos Estados do Sahel, Burkina Faso, Mali e Níger, que foram se consolidando em uma aliança e cuja integração tem trazido benefícios.
"Os países do Sahel este ano, me parece, se destacaram bastante pelo fato de formarem a Aliança do Sahel, por terem
enfrentado o sistema, tanto o sistema africano dentro da
CEDEAO [Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental] quanto o sistema neocolonial francês e eles resistirem a isso”, disse ele.
Um dos países de maior destaque no continente é a África do Sul, que surge como um ator poderoso na construção de autonomia e soberania na região.
"Faz parte dos BRICS, que participa dos grandes encontros internacionais, dos grandes blocos e diálogos dos tabuleiros, por isso, a África do Sul sempre vai ter maior destaque no cenário internacional", diz Diallo.
Nem o atrito com Estados Unidos boicotou a atuação sul-africana, na opinião de Otávio. O fato de a África do Sul ter levado Israel para as cortes internacionais pelo genocídio na Palestina pode ser um dos fatores que criaram um rota de colisão entre o país africano e o governo do republicano Donald Trump.
Além disso, pontuou, o governo do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, é muito próximo do governo Trump, e uma série de medidas foram feitas este ano para prejudicar o país africano, como a retirada da ajuda humanitária e sanitária da USAID.
Ainda assim, a África do Sul não retrocedeu e segue tocando em temas que causam atrito com Washington, como a questão do meio ambiente que foi um dos focos do G20. Aliás, a
ausência dos EUA no G20 na África do Sul não prejudicou o evento, segundo os entrevistados
Esse cenário impulsionou a busca de apoio de outros países, sobretudo as potências emergentes, como China, Rússia e Brasil, além de parcerias visando benefícios no âmbito regional, contaram os convidados do programa.
"Ao contrário, teve um grande sucesso e a presença dos outros países fez uma diferença muito grande e os EUA me parece que foi o grande perdedor desse encontro", opinou Diallo. "Certamente, a ausência dos EUA abre portas para outros atores negociarem de uma forma muito mais contundente."
Dentre os desafios elencados pelos professores, os conflitos e a violência permanecem em destaque, como é o caso do da República Democrática do Congo e o Sudão.
A grande quantidade e diversidade de recursos naturais e energéticos desses países os
torna chamarizes em tempo de disputas por terras raras, ressaltaram.
Não por acaso, ocorre a presença recente norte-americana como mediador de conflito, que vem pressionando grupos insurgentes a abandonarem o conflito e facilitar o acesso a minerais estratégicos por empresas americanas.
"O Congo é o pulmão econômico do continente africano [...] O desenvolvimento do continente africano vai depender da independência e da autonomia do Congo. E isso está sendo provado 60 anos depois. A gente vê que sem o Congo a gente não consegue sair do sufoco", frisou Diallo.
Grande fornecedor de matérias-primas, de potencial hídrico e de petróleo, desde 2023, o Sudão está envolto em uma
sangrenta guerra civil, fruto da disputa de poder entre a Forças Armadas do país e paramilitares, após a
derrubada do governo de Omar al-Bashir, que esteve 30 anos no poder.
No mês passado, Trump declarou que líderes árabes pediram que ele usasse sua influência para ajudar a dar um fim imediato aos combates no Sudão.
Ambos os analistas comentaram, no entanto, que a saída para crises como as do Sudão e do Congo exigem esforços internos e articulados entre os países da região, a começar por investimentos em infraestrutura para que os recursos retornem para a população.
Os maiores obstáculos para um desenvolvimento sustentável e prolífero para a região parecem vir do exterior, de acordo com os especialistas.
Essa influência é facilitada graças ao legado do período colonial de cooptação de elites locais pela Europa, após as independências das ex-colônias, lembrou Otávio.
"Havia países com índice de desenvolvimento humano lá embaixo e essas elites cada vez mais ricas. Isso leva, então, a uma revolta popular que vai ter a mudança desses governos e, ao mesmo tempo, a busca em tentar distanciar o país daquele país que simboliza esse processo de, vamos dizer assim, uma neocolonização que seria a França".
"Qualquer crescimento, qualquer autonomização do continente africano pode gerar uma
reação do imperialismo e do capitalismo. A persistência, a continuidade desse processo vai depender da capacidade de resiliência e de resistência dos países africanos", observou Dallio.
O ano de 2025, porém, foi um duro golpe para países como França, que se aproveitam da influência colonial para adquirir com mais facilidade recursos como urânio e outros minérios de alto valor no mercado, argumentou Otávio.
"Agora você tem um cenário internacional muito mais complexo, tem a presença das potências emergentes que estão cada vez mais presentes no continente e os países africanos começam a perceber nessas potências emergentes uma alternativa, tanto no âmbito global como também no âmbito regional", declarou Otávio.
Os grupamentos que foram se formando a partir do novo milênio, como o BRICS e o G20, estão ganhando mais relevância no cenário de multipolaridade e pressionando por maior democratização da governança global. Neles, o alargamento da presença africana é indiscutível.
"Esse ano a reunião do G20 foi no continente africano, então houve uma participação interessantíssima da União Africana, como também da África do Sul, que sediou o G20", disse Ot[ávio que também lembrou da ampliação dos BRICS que incluiu países africano.
Nesse ponto, ele mencionou também a consolidação da União Africana como um player internacional relevante, desde sua entrada em 2023 no G20, o fórum que simboliza a multilateralidade.
Otávio expressou sua expectativa de que em 2026 a aliança passe por reformulações e leve em consideração
as especificidades de cada conflito e Diallo defendeu uma União Africana
"menos tímida" para voltar a ter autonomia e mais legitimidade.
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