França: reforma educacional é contra direitos dos estudantes, diz associação

A reforma sobre o acesso à universidade, um plano para introduzir uma seleção acadêmica, contradiz o direito dos jovens ao ensino superior, Liliana Moyano, presidente da Federação dos conselhos parentes dos alunos (FCPE), em entrevista à Sputnik, enfatizando a necessidade de o governo se concentrar melhor na criação de novas universidades.
Sputnik

Na quinta (15) e nesta sexta-feira (16), centenas de estudantes saíram às ruas de Paris e várias outras cidades francesas para protestar contra a reforma educacional planejada pelo governo de Emmanuel Macron. 

O parlamento francês votou na quinta-feira (15) a favor de um projeto de lei, modificando as regras do acesso à universidade e dando um passo em direção a uma seleção de estudantes com base em suas notas acadêmicas. Anteriormente, os protestos de estudantes ocorreram em 1º e 6 de fevereiro.

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"Eu acho que vamos ver mais protestos chegando, principalmente no que diz respeito à reforma do acesso universitário, porque não atende às expectativas e não corresponde aos direitos dos jovens em busca de educação superior […]. O fato de que esses protestos preocupam a todos [professores universitários, estudantes, sindicatos educacionais, pais] mostra que não fornecemos [aos estudantes] o que é necessário para criar lugares adicionais [na universidade], melhorando o apoio social aos alunos", disse Moyano.

Moyano sublinhou que a necessidade de reformar o sistema educacional na França não foi abordada em décadas, mesmo tendo em conta o "estado preocupante" das universidades em termos de financiamento e o crescente número de pessoas querendo acessar o ensino superior.

"Então, nós sabíamos que as reformas eram necessárias para fornecer às universidades meios para aceitar novos estudantes em boas condições. Mas, em vez disso, implementamos esse processo de seleção, em que o diploma de bacharel já não é garantia de entrada no ensino superior", lembra a presidente da FCPE.

Além disso, de acordo com a líder da associação, a reforma ameaça o direito dos estudantes de escolher livremente uma faculdade e pode criar uma lacuna entre colégios de prestígio e escolas de ensino médio e instituições educacionais menos prominentes.

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"É por isso que estávamos contra o texto da lei que modifica os termos de acesso à universidade, o que agora implica a possibilidade de realizar uma seleção […]. E agora, as universidades escolherão quem querem [aceitar] para aumentar artificialmente taxas de sucesso", ressaltou Moyano.

Atualmente, todos os graduados do ensino médio na França têm direito assegurado a uma vaga em universidade pública independentemente do histórico acadêmico. 

De acordo com as novas medidas, que deverão ser implantadas a partir de 31 de março, as instituições de ensino superior poderão processar cada inscrição individualmente, levando em consideração certas habilidades e conhecimentos necessários para entrar na faculdade desejada. 

Um dos principais objetivos da reforma é reduzir o número de desistentes e os alunos que falham nos exames universitários.

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