Por que 'dragão chinês' aspira a explorar o Ártico?

O Ártico é um tema cada vez mais popular entre os chineses. Enquanto as autoridades do gigante asiático estão elaborando uma estratégia para explorar o Polo Norte, os cidadãos querem realizar viagens turísticas pela zona. O jornal russo Izvestia analisa o porquê do interesse chinês pela região.
Sputnik

Segundo os dados, cerca de 80% dos turistas que sobem a quebra-gelos russos para contemplar as paisagens polares são chineses.

China lança 1º quebra-gelo de fabricação nacional para conquistar o Ártico
Em 2017, o país asiático lançou seu primeiro quebra-gelo Xuelong (Dragão de Gelo, em chinês) que atravessou a passagem do Noroeste. A mídia chinesa destacou que o navio abriu "uma nova via marítima" para a China, recorda a matéria do Izvestia.

A rota abre realmente novas perspectivas pois permite conectar Xangai e Nova York por mar em menos tempo. Com uma extensão de 3,7 mil quilômetros, a rota é mais curta do que a que passa pelo canal do Panamá.

Outra via marítima que passa através do oceano Atlântico leva à Europa Central e Europa do Norte, abrindo novas perspectivas para Pequim, que a considera uma alternativa e um dos elementos da Nova Rota da Seda.

As recentes atividades, sublinha o artigo, mostram que Pequim está disposta a aumentar sua presença no Ártico, não obstante ser uma zona distante. O derretimento dos gelos também gera novas possibilidades, em particular, a exploração de campos subaquáticos de petróleo e de gás, bem como a criação de novas rotas comerciais.

Segundo as estatísticas do Serviço Geológico dos EUA, o Ártico pode abrigar cerca de 30% das reservas não descobertas de gás e 13% das reservas de petróleo.

Em janeiro de 2018, o governo chinês divulgou um documento reconhecendo a importância da exploração do Ártico, tanto do ponto de vista científico como econômico, cita o jornal russo.

Ao mostrar seu interesse pela zona, Pequim sublinhou que iria atuar de forma responsável junto com os países da região, seguindo as regras estabelecidas. A China é um dos membros observadores do Conselho Ártico, uma organização intergovernamental composta por oito membros (incluindo a Rússia e os EUA) e seis países observadores.

Em resposta à atividade chinesa no Ártico, um ex-embaixador norte-americano, David Balton, declarou que os países do Conselho Ártico estavam dispostos a receber a China de braços abertos, mas que deveriam agir com cuidado. Isto significa, explicam os analistas, que, por um lado, os EUA valorizam os investimentos chineses, mas não querem admiti-los ao controle dos processos.

O especialista em Geopolítica Ártica da Universidade Laval (Canadá) Frederic Laserre admitiu que os Estados árticos precisam de investimentos chineses e permitirão a participação de Pequim até que a influência da China na região venha a ser forte demais e economicamente perigosa para os outros países.

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O gigante asiático já participou de alguns projetos conjuntos com outros países. Assim, em 2017, a Corporação Nacional de Petróleo da China cooperou com a empresa energética russa Novatek para pôr em ação uma fábrica de gás natural liquefeito na península de Yamal. Além disso, algumas empresas chinesas realizam projetos no Canadá e Groenlândia.

Um dos principais objetivos de Pequim é explorar vias marítimas que sejam mais curtas do que as existentes. As autoridades chinesas preveem que as vias acima citadas, junto com a iniciativa Um Cinturão e Uma Rota, permitirão desenvolver as comunicações com o resto da Ásia, África e Europa.

Segundo sublinham diversos analistas, o processo de exploração é um assunto bastante complicado e prolongado, devido inclusive a fatores climáticos e geopolíticos, mas poderá trazer um considerável benefício econômico e garantir a segurança energética da China.

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