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Fim da COP 24 deixa a pergunta: proteção ambiental é incompatível com interesse nacional?

Terminou em Katowice, na Polônia, a COP 24. Considerada o maior fórum global para assuntos relativos ao clima, a conferência deste ano terminou com compromissos considerados vazios e pouco ambiciosos na visão de ambientalistas, deixando o questionamento: dá para conciliar interesses políticos nacionais e a proteção do meio-ambiente global?
Sputnik

A reunião deste ano pretendia avançar na regulamentação do Acordo de Paris, documento histórico alcançado na COP 22 em Paris na qual 194 nações se comprometeram voluntariamente a cortar emissões em prol da redução nos níveis de aquecimento global. O acordo quer limitar o aquecimento do planeta em no máximo 2ºC até o final do século e atualmente só não é respaldado pelos Estados Unidos.

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Como pontua o cientista político e diretor do Departamento de Relações Internacionais da UERJ, Paulo Velasco, a COP 24 deveria cumprir o que não foi possível na edição do ano passado na Alemanha: o detalhamento das chamadas contribuições voluntárias, as metas que cada país assumiu ao assinar o Acordo de Paris. Os termos de cada contribuição vieram assinalados no Pacote de Diretrizes, mas ainda de modo vago.

Velasco argumenta que a postura de alguns países durante as negociações foi um impeditivo. Além disso, o entendimento da prioridade da agenda climática dentro das demandas nacionais mais prementes acaba prejudicando o avanço de discussões.

"Para alguns Estados, vimos a adoção de uma postura mais soberanista, avessa ao multilateralismo (…) Em outros países, os esforços necessários à redução de gases [poluentes] são vistos como impeditivos ao próprio desenvolvimento. A própria Polônia, que pela terceira vez sediou uma COP, é um país ainda muito resistente a mudar sua matriz energética baseada em queima de carvão", avalia Paulo Velasco.

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Professor de Relações Internacionais da Universidade Católica de Brasília, Creomar de Souza compartilha da opinião do colega. "Para o ente político acaba resultando muito complexo tomar uma decisão baseada apenas no âmbito técnico [da agenda climática], porque isso envolve outros interesses transversais e que podem oferecer obstáculos a determinadas demandas", diz.

"A questão mais complexa quando falamos de arranjos de governança global é que isso envolve a necessidade de que alguém perca para que todos ganhem. Quando tratamos da agenda do direito ambiental, há uma dificuldade de uma série de atores de abrir mão de alguns de seus ganhos para que o planeta como um todo seja um vencedor", continua Creomar de Souza.

O professor avalia ser necessária "uma certa capacidade de abstração para entender que a poluição feita hoje tem efeitos que provavelmente você não verá em vida".

"Isso por si já gera dificuldades para lideranças, sobretudo em regimes democráticos sempre pressionados por demandas muito urgentes. Geração de emprego, renda, diminuição da violência… Componentes que são colocados como mais importantes que a temática ambiental, o que explica em algum sentido uma parte da dificuldade em avançar a agenda", finaliza.

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Com o fracasso em adotar compromissos mais firmes, questões essenciais como a rediscussão do sistema de cotas de carbono devem sobrar para a COP 25. O evento acontece em novembro de 2019 no Chile, depois de o Brasil ter retirado a sua candidatura para sediá-lo, em decorrência do pedido do presidente eleito, Jair Bolsonaro.

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