Oytun Orhan, cientista político e especialista do Centro de Estudos Estratégicos do Oriente Médio (ORSAM), acredita que o contingente militar estadunidense realmente deixará o território sírio. Ele sublinhou que, após o retorno de 2.000 militares norte-americanos para seu país, os EUA deixarão de estar presentes fisicamente na Síria.
"Não duvido que a decisão [de Trump] será executada. Desta vez, a declaração da Administração estadunidense é completamente diferente das anteriores. Não acredito que Washington recue agora nesta questão depois que foram publicadas as datas concretas da saída", explicou Orhan à Sputnik Turquia.
De acordo com o analista político Ceyhun Bozkurt, para entender as razões da decisão dos EUA é necessário levar em conta tais fatores como o sucesso do processo de negociação em Astana e o intenso desenvolvimento das relações turco-russas.
"Quando o processo de negociação começou em Astana, todos os planos americanos colapsaram como um castelo de cartas", afirmou Bozkurt.
A presença dos EUA na Síria não só inquietava os países da região, incluindo os garantes do processo de negociações em Astana, mas também não tinha o apoio esperado por Washington por parte dos restantes países ocidentais. Isso foi demonstrado pelo acordo alcançado entre a Alemanha, a França, a Rússia e a Turquia, que estabelecia medidas destinadas a acalmar a crise política síria, explicou o analista.
Quais serão as consequências da retirada dos militares dos EUA da Síria para as forças das Unidades de Proteção Popular curdas (YPG) enquanto o exército turco se prepara para uma operação a leste do rio Eufrates?
O jornalista Musa Ozugurlu, que trabalha na Síria desde 2007, revelou à Sputnik que o destino das YPG depende diretamente dos acordos firmados entre as autoridades sírias, a Rússia, a Turquia e o Irã.
"A Síria não permitirá que os curdos criem uma autonomia ou uma federação política", disse ele. Os EUA impedem há muito qualquer acordo entre os curdos e Damasco. Como resultado, os curdos – que confiavam nos Estados Unidos — rejeitaram todas as propostas das autoridades sírias.
Na quarta-feira (19), Donald Trump declarou que os Estados Unidos derrotaram o Daesh (grupo terrorista proibido na Rússia) na Síria, acrescentando que o grupo terrorista era a única razão pela qual as tropas dos EUA estavam combatendo no país do Oriente Médio durante a sua presidência.