'Bola de tênis na Lua vista da Terra': eis tamanho do buraco negro no centro da Via Láctea

A união das capacidades dos maiores observatórios mundiais, especializados em pesquisas com emissões de raios, permitiu que astrônomos recebessem dados concretos do tamanho da "parte visível" do gigante buraco negro localizado no centro da Via Láctea, segundo artigo no Astrophysical Journal.
Sputnik

Grande parte dos astrônomos acredita que no centro das galáxias há um buraco negro supermassivo, que "devora" matéria sem parar. Uma parte da refeição seria jogada para fora do buraco negro em forma de jatos acelerados a velocidades próximas à da luz.

Sagittarius A* é o buraco negro supermassivo mais próximo e pesa cerca de quatro milhões de massas solares. Seu tamanho aparente no céu é inferior a 100 milionésimos de um grau, o que corresponde ao tamanho de uma bola de tênis na Lua vista da Terra.

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Na Via Láctea e em algumas outras galáxias, o buraco negro está hibernando, portanto não possuem jatos grandes e visíveis. Não é de agora que pesquisadores tentam entender quando adormeceu o buraco negro no centro de nossa galáxia, quão ativo era e como sua atividade influenciava as estrelas no centro da galáxia e nos arredores.

Sara Issaoun, doutoranda da Universidade de Nijmegen holandesa e líder do estudo, há muito tempo observa com colegas o Sagittarius A*, buraco negro no centro da Via Láctea, usando interferômetro de micro-ondas GMVA, que é um radiotelescópio virtual. Na união de capacidades, entraram os maiores radiotelescópios mundiais, localizados no Chile, EUA, Espanha, Alemanha e em vários outros países.

Com o GMVA, que é um análogo do Telescópio de Horizonte de Eventos (EHT), pesquisadores observam o Sagittarius A* em outro conjunto de frequência, conseguindo, assim, dados mais detalhados e a chance de entender como a emissão nasce na vizinhança, invisível ao EHT.

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Um ano atrás, astrofísicos receberam com ajuda do EHT pela primeira vez imagens detalhadas da zona onde a emissão do buraco negro nasce e revelaram algumas características inesperadas, incluindo a suposta assimetria, aumentando interesse de astrofísicos pelo Sagittarius A*, que começaram a buscar dados ainda mais detalhados do buraco negro no centro de nossa galáxia com o GMVA.

Os novos dados mostraram que a parte visível do Sagittarius A* não era apenas assimétrica, mas também muito pequena. A descoberta contradiz a teoria de que quase toda emissão visível produzida por buracos negros supermassivos nasce dentro de jatos.

"Isso pode indicar que a emissão de raios é produzida em um disco de gás indetectável ao invés de dentro de jatos. No entanto, isso tornaria o Sagittarius A* uma exceção em comparação com outros buracos negros emissores de raios. A alternativa poderia ser os jatos de raios estejam apontados quase para nós", afirmou Issaoun.

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Essa possibilidade é inexplicável para astrofísicos ainda, mas eles dão preferência à teoria de que emissões do buraco negro podem estar vindo em direção à Terra. No passado, como destaca Issaoun, coincidências foram consideradas inacreditáveis por pesquisadores, mas as observações do EHT e do GMVA se inclinam para a teoria.

Pesquisadores esperam que a resposta para esse mistério seja encontrada em breve, com a conclusão dos últimos dados do EHT. Imagens mais detalhadas e sem interferências conseguirão mostrar com precisão para onde estão olhando os jatos do buraco negro no centro de nossa galáxia e se existem ou não no buraco negro, conclui Issaoun.

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