Panorama internacional

Autoridades chinesas aumentam pressão sobre o governo para que yuan seja a 'moeda da Ásia'

Crescem as preocupações de que a China possa ser expulsa do sistema de mensagens financeiras SWIFT (Sociedade de Telecomunicações Financeiras Mundial) ou cortada de seus ativos estrangeiros se as relações com os EUA piorarem.
Sputnik
Após a onda de sanções ocidentais contra a Rússia, ganhou força na China a discussão sobre como reduzir a dependência do sistema do dólar e estabelecer o yuan como uma moeda de reserva forte e negociada internacionalmente.
Os apelos para que a China crie um regime financeiro mais independente foram relatados pelo South China Mornig Post.
Eles são motivados, principalmente, pela guerra comercial entre EUA e China, o surto de coronavírus, e as recentes tensões sobre questões geopolíticas que vão de Hong Kong a Taiwan.
Com as preocupações crescentes na China sobre a exposição ao sistema do dólar americano, alguns conselheiros do governo estão pedindo às autoridades que revisem o regime cambial e transformem o yuan em uma moeda âncora, especialmente para a região da Ásia.
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Isso significa aumentar a presença do yuan no comércio feito no continente. A moeda representou 2,2% dos pagamentos globais em março, muito abaixo de 41,07% para o dólar americano e 35,36% para o euro.
Desde o início da pandemia, a política monetária dos EUA e da China está divergindo. Pequim afrouxou os juros para sustentar a economia, enquanto o Federal Reserve dos EUA está apertando para conter a inflação.
Como resultado, a vantagem de rendimento da China sobre os títulos do Tesouro dos EUA desapareceu, levando a saídas maciças de capital e fraqueza do yuan.
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A publicação também entende que, depois que a Rússia foi atingida por uma enxurrada de sanções, aumentaram as preocupações de que a China também poderia ter seus bancos expulsos do sistema de mensagens financeiras SWIFT.
Liu Shengjun, chefe do China Financial Reform Research Institute, disse que as sanções à Rússia soaram alarmes, mas a forte exposição da China ao dólar, ao mercado e à tecnologia, significa que há pouco espaço de manobra.
"Precisamos fazer os preparativos", disse. "Mas ele deve permanecer discreto e o seu ritmo deve ser bem administrado".
Apesar dos rígidos controles de capital, a economia chinesa é vulnerável à turbulência financeira internacional.
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A crise financeira global de 2008 causou a perda de 20 milhões de empregos nas fábricas e houve uma enorme volatilidade na taxa de câmbio do yuan.
Yu Yongding, ex-assessor do Banco Central da China, disse à publicação que a China deveria reduzir seus ativos em dólares americanos, incluindo títulos do Tesouro dos EUA que detém.
Pequim raramente publica a composição de seus ativos cambiais, mas acredita-se que a diversificação esteja em andamento.
Os ativos em dólares americanos representaram 59% das reservas cambiais do país em 2016, ante 79% em 1995, indicaram dados do governo.
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