Panorama internacional

Turquia explica por que descartou exercícios da OTAN no mar Negro

Exercícios não vão avançar devido às contínuas hostilidades entre a Rússia e a Ucrânia, disse o principal diplomata da Turquia.
Sputnik
Os exercícios militares da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) planejados para o mar Negro foram adiados ou cancelados, revelou o ministro das Relações Exteriores da Turquia, Mevlut Cavusoglu, citando a Convenção de Montreux, um protocolo de décadas que dá a Ancara poder de veto sobre desdobramentos navais na região.
Na última terça-feira (31), falando à Anadolu em entrevista, o ministro das Relações Exteriores explicou a relutância da Turquia em cooperar com a campanha de sanções ocidentais contra a Rússia em resposta à operação militar especial na Ucrânia, afirmando que seu país está tentando evitar o aumento das tensões enquanto tenta intermediar uma negociação para o fim do conflito.
"Se tivéssemos aderido às sanções, não teríamos conseguido cumprir o papel de mediação que temos agora. Aplicamos a Convenção de Montreux aos navios de guerra, mas o espaço aéreo, esse corredor, temos que mantê-lo aberto", disse ele, referindo-se a um acordo de 1936 que concede à Turquia direitos para regular o tráfego marítimo através do mar Negro.
"Nós, de acordo com a convenção, cancelamos ou adiamos os exercícios planejados da OTAN. Desempenhamos um papel importante e cumprimos nossas obrigações", acrescentou Cavusoglu.
Panorama internacional
Turquia não mudará postura sobre Finlândia e Suécia se elas não derem certos passos, diz Erdogan
A Turquia invocou a Convenção de Montreux para negar o acesso a vários navios de guerra russos ao mar Negro através do estreito de Bósforo desde o início do conflito na Ucrânia em fevereiro, embora tenha feito exceções para os navios que retornam aos seus portos de origem, conforme previsto no acordo.
Embora o ministro das Relações Exteriores não tenha especificado quais exercícios foram descartados ou remarcados, o bloco militar do Atlântico Norte realizou uma enxurrada de exercícios em toda a Europa nas últimas semanas, incluindo um na Estônia no mês passado envolvendo 15.000 soldados de 14 nações, realizado a apenas 65 quilômetros da base militar russa mais próxima.
Em meados de maio, as forças da OTAN realizaram uma missão de treinamento no mar Negro, na qual os SEALs (Forças de Operações Especiais da Marinha dos Estados Unidos) treinaram unidades de operações especiais estrangeiras como parte do exercício anual Trojan Footprint (Pegada de Tróia). O evento contou com mais de 3.300 soldados de 30 países e foi realizado nos Estados do mar Negro da Bulgária e Romênia, além da Croácia, Estônia, Alemanha, Grécia, Hungria, Letônia, Lituânia, Montenegro, Macedônia do Norte, Polônia, Eslováquia e Eslovênia. A Ucrânia participou do Trojan Footprint de 2021 e estava programada para participar dos exercícios antes de Moscou lançar sua operação.
Panorama internacional
Fronteira entre Finlândia e Rússia pode se tornar 'pesadelo estratégico' para OTAN, diz analista
O policiamento aéreo da OTAN ao longo do mar Negro também foi intensificado em abril. Caças holandeses foram mobilizados para reforçar a Força Aérea da Bulgária após uma série de movimentos semelhantes para reforçar o "flanco leste" da aliança.
Cavusoglu continuou argumentando que o papel da Turquia como intermediário entre Moscou e Kiev é "bem-vindo" por muitos outros países, insistindo que Ancara só invocaria sanções contra a Rússia se fossem impostas pelas Nações Unidas.
"Todos podem agora impor sanções a quem quiserem. Esse é um negócio deles. Escolhemos o papel de mediador, estamos tentando facilitar", disse.
Os comentários do ministro das Relações Exteriores ocorrem um dia depois que o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, apresentou uma nova proposta para negociações entre Moscou e Kiev em Istambul, fazendo a sugestão durante uma ligação com seu homólogo russo, Vladimir Putin.
Comentar