"O mundo entrou em um conflito que não sabemos quando terminará ou quanta miséria e fome trará. Vamos unir forças. Tivemos que governar no pior momento da história mundial. Não quero que seja em vão, quero que sirva pelo menos para que entendamos que devemos estar juntos e mais unidos do que nunca, que unidos somos mais fortes", acrescentou Fernández.
"Acho que Brasil e Mercosul reconhecem que as sanções são fatores que atrapalham o acesso a diversos insumos e produtos. Isso se refletirá no comunicado conjunto [dos países do bloco]", disse Arslanian no âmbito do encontro da cúpula.
Sanções contra a Rússia
O SWIFT é uma plataforma que conecta cerca de 11 mil instituições financeiras em mais de 200 países e serve como base do sistema financeiro internacional.
Dezenas de empresas anunciaram desde o final de fevereiro a decisão de suspender seus negócios na e com a Rússia.
A escalada de sanções transformou a Rússia, de forma disparada, na nação mais sancionada do mundo, segundo a plataforma Castellum.ai, serviço de rastreamento de restrições econômicas no mundo.
Ucrânia
"O Mercosul faz suas determinações por consenso e não houve consenso para estabelecer essa comunicação. A Ucrânia já foi informada de que não há condições de poder falar como Mercosul com Zelensky", disse.
O presidente paraguaio afirmou que consultaria seus pares, já que as decisões no bloco são tomadas por consenso.
"É um conflito que está muito longe de nós e não queremos transportá-lo, mas isso nos afeta", refletiu o funcionário. "O que podemos dizer é que o conflito na Ucrânia afeta todos os países do Mercosul com choque inflacionário e déficit na produção de alimentos. Queremos abordar medidas conjuntas para lidar com a situação. Somos fornecedores confiáveis de alimentos. A segurança alimentar está em risco devido ao aumento dos preços dos combustíveis e fertilizantes e estamos analisando como mitigar esse impacto. Mas, por enquanto, não estamos trabalhando juntos", acrescentou.
Políticas do Mercosul
Ele argumentou que esta situação tornou um mundo mais complexo em que "milhões de toneladas de trigo, cereais e girassóis" deixaram o mercado.
"75% do petróleo consumido na Europa e que vem da Ucrânia desapareceu e a fome começa a assolar o mundo inteiro", alertou.
A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) anunciou "que, como resultado da guerra, o mundo enfrentará uma fome que afetará 300 milhões de habitantes".
Observando que a América Latina é o continente mais desigual do mundo, Fernández destacou a importância de se unir dentro do bloco comercial para se proteger.
"Você ouve que a Europa dizer que está ficando sem energia, que sua inflação aumenta em 300%, 400%, 500%, que a inflação dos EUA aumenta 800%", disse o presidente argentino.
"Diante da insegurança alimentar, esta região é grande produtora de alimentos e isso faz com que tenhamos um papel fundamental nesta circunstância", disse.
Nesta quinta-feira (21), foi realizada a cúpula de chefes de estado do bloco, que contou com a presença dos presidentes Fernández, Luis Lacalle Pou, do Uruguai, e Abdo Benítez.