A Arábia Saudita recebeu há pouco o líder chinês Xi Jinping e presidiu o Conselho de Cooperação dos Estados Árabes do Golfo, além da cúpula sino-árabe, sublinhou o colunista Renaud Girard no The Figaro.
Nesse contexto, o autor lembra o caso do assassinato do jornalista saudita Jamal Khashoggi, que gerou uma onda de tensão nas relações entre a Arábia Saudita e o Ocidente.
"Parece que no Oriente Médio, região tão cobiçada e onde os interesses econômicos e o alinhamento de forças internacionais são mais importantes do que os direitos humanos, o caso Khashoggi está completamente esquecido", lamenta o colunista do Le Figaro.
"Até a Turquia, que lançou luz sobre o caso tornando públicos certos materiais secretos, agora diz que apenas a justiça saudita deve prosseguir com a investigação", acrescenta o autor.
Segundo a edição, as tentativas dos democratas norte-americanos de isolar a Arábia Saudita resultaram em fracasso, já que hoje em dia, devido à crise de energia, Riad passou a ter um papel importante na arena internacional.
Nota-se que, durante a sua campanha eleitoral, o presidente dos EUA Joe Biden criticou fortemente os líderes da Arábia Saudita. Contudo, em resultado das sanções energéticas contra a Rússia, os preços da energia dispararam.
"No mundo só há um produtor de hidrocarbonetos que equivale à Rússia – a Arábia Saudita. É por isso que Joe Biden teve que viajar para o Oriente Médio. Riad prometeu a Biden aumentar a produção de petróleo, mas acabou por fazer isso apenas formalmente. Deste modo, mostrou que não vai obedecer a seu 'grande defensor norte-americano'", destaca-se no artigo.
Conforme o Le Figaro, ao prestar a Xi Jinping uma recepção digna do presidente dos EUA, o príncipe herdeiro saudita deixou claro que tinha um plano alternativo caso os Estados Unidos tentassem isolar o seu país de novo.
"Mas, ao mesmo tempo, [Mohammad bin Salman] queria demonstrar que conduz uma política externa independente", diz o artigo.
Para concluir, a edição descarta a perspectiva de os países não europeus se afastarem dos EUA por completo, mas afirma que "jamais seguirão a América de forma direta".
"As mesmas atitudes são evidenciadas por outras potências regionais, tais como o Brasil ou a África do Sul", acrescenta o autor.
Nesse contexto, vale entender que os países do Oriente Médio, América Latina ou África, segundo o colunista, não assumem uma posição antiamericana, mas procuram conduzir sua própria política, ao mesmo tempo mantendo um bom nível de relações com Washington.