Panorama internacional

Analista: envio de munições de urânio empobrecido a Kiev 'poderia ser ponto de virada no conflito'

Isso foi afirmado à Sputnik pela acadêmica Sandra Kanety, do Centro de Relações Internacionais da Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM). Para a especialista, trata-se de um ponto de viragem no conflito por se tratar de armas nucleares de alta toxicidade e radiação.
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A decisão, anunciada na terça-feira (21) pela vice-ministra da Defesa britânica, Annabel Goldie, surpreendeu os observadores por se tratar de uma escalada bélica quando o governo russo voltou a apoiar a proposta de paz de Pequim, depois da bem-sucedida reunião entre o líder chinês, Xi Jinping, e seu homólogo russo, Vladimir Putin, em Moscou.

"Além de fornecer um esquadrão de [...] tanques Challenger 2 à Ucrânia, forneceremos munições, incluindo projéteis perfurantes contendo urânio empobrecido", explicou Goldie em um comunicado.

Por sua vez, o chanceler russo, Sergei Lavrov, disse que a decisão britânica "prejudica a estabilidade no mundo".
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Para Sandra Kanety, professora da UNAM especializada em relações internacionais, trata-se de uma determinação "claramente negativa" que vai prolongar o conflito e violar o direito internacional.
"Muitos documentos legais do regime internacional estabelecem que a utilização de armas nucleares viola o direito internacional. Aqui a discussão centra-se precisamente sobre se os projéteis com urânio empobrecido são ou não uma arma nuclear", acrescentou a universitária.

"O Reino Unido diz que não, a Rússia disse que sim. Em minha opinião, sendo o urânio empobrecido um subproduto do urânio natural, que causa importantes níveis de radiação, que graças a ele se obtém combustível nuclear, deve ser catalogado como arma nuclear", sentenciou.

Usar esses projéteis no conflito, disse Kanety, pode significar cometer crimes de guerra.

"Verificou-se nos casos da Iugoslávia e do Iraque, onde foram utilizados projéteis com urânio empobrecido, que os seus efeitos na saúde afetam não só a população que se quer atacar, mas também os próprios exércitos que o utilizam e as populações civis, pela sua alta toxicidade e radicação."

A especialista conjectura que a decisão do Reino Unido poderia ser uma reação à visita de Xi Jinping a Moscou, na qual o presidente chinês manifestou o seu firme apoio à operação militar especial russa na Ucrânia.
"Junto com a provisão de um esquadrão de tanques de batalha Challenger 2 para a Ucrânia, forneceremos munições, incluindo cartuchos de blindagem que contêm urânio empobrecidos", adverte.
Para Kanety, este é mais um sinal de que as intenções do Ocidente em relação à Ucrânia não têm a ver com a paz, mas sim com o confronto com a Rússia.

"Esta decisão prolonga um conflito que também deveria ser bilateral, entre a Ucrânia e a Rússia, ou minimamente regional, mas no qual se envolveram outros países que a única coisa que fizeram foi aumentá-lo. A Rússia tem o maior armamento nuclear do mundo, e esta decisão poderia ser um ponto de virada no conflito e um erro muito grave por parte do Ocidente", enfatizou.

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Reino Unido decidiu fornecer munições de urânio empobrecido à Ucrânia
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