Panorama internacional

EUA percebem que desafios para conter China-Rússia vêm de seus próprios aliados, diz mídia americana

Questões envolvendo Arábia Saudita, Índia e Turquia e sua relação com os americanos mostram a Washington que os centros globais de poder estão a mudar e não necessariamente a favor dos Estados Unidos.
Sputnik
Essa semana foi de crise para a Casa Branca em diversos setores. Internamente, a derrubada histórica do presidente da Câmara dos Representantes Kevin McCarthy mexeu com as estruturas do país, visto que essa foi a primeira vez na história dos EUA que um líder da Câmara é deposto.
Ao mesmo tempo, desde o começo da operação russa na Ucrânia, parlamentares decidiram cortar verba de ajuda militar para Kiev, algo que vai totalmente contra as diretrizes do governo e até fez com que o presidente, Joe Biden, ligasse para aliados da OTAN para tentar tranquilizá-los sobre o apoio à Ucrânia.
Entretanto, os assuntos internos se juntam a outros externos e, repetidamente, Washington está descobrindo que os maiores desafios ao seu esforço para conter a China e a Rússia vêm dos seus próprios parceiros espinhosos, escreve a Bloomberg.
A Índia, que os estadunidenses cortejaram como contrapeso econômico e político à China, está comprando grande parte do petróleo russo. Além do mais, a briga de Nova Deli com o Canadá, devido ao assassinato de um ativista sikh, colocou os EUA em uma posição extremamente embaraçosa.
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Já pelo Oriente Médio, Biden, que outrora evitou a Arábia Saudita, investiu recentemente capital político em um grande acordo que levaria Riad a formalizar os laços com Israel em troca de garantias de segurança dos norte-americanos.
Preocupado que o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman se volte para Pequim para construir e fornecer as suas usinas nucleares, os EUA estão considerando formas de acomodar a exigência saudita de que lhe seja permitido enriquecer urânio a nível interno.
Os diálogos alimentaram um debate furioso sobre até que ponto Washington pode distorcer as regras de não proliferação para satisfazer o seu aliado – um debate que, ainda esta semana, alargou o seu conluio com a Rússia para sustentar os preços do petróleo, apesar dos repetidos apelos de um presidente americano ansioso por moderar os custos da gasolina antes de um ano eleitoral.
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Mas é com a Turquia que anos de tensões podem estar a chegar ao auge: os EUA abateram esta semana um drone turco sobre a Síria, em um raro exemplo de conflito direto. Ancara, uma aliada estadunidense da OTAN, também mantém laços estreitos com a Rússia.
O presidente Recep Tayyip Erdogan há muito critica o apoio estadunidense aos combatentes curdos na Síria, que Ancara diz estarem ligados a militantes no país. É uma questão que complica os esforços para expandir a aliança de defesa.
Ontem (6), em um telefonema, o ministro das Relações Exteriores da Turquia, Hakan Fidan, disse ao secretário de Estado estadunidense, Antony Blinken, com expressões fortes que "os EUA, como aliado, deveriam parar de trabalhar com a organização terrorista YPG no norte da Síria", conforme noticiado.
Além disso, há o imbróglio envolvendo os caças F-16 requisitados há muito tempo pelos turcos e que o Senado norte-americano não libera a venda e ao mesmo tempo o bloqueio da Turquia ao ingresso da Suécia na OTAN, uma das metas da diplomacia estadunidense para ter mais um aliado contra Pequim e Moscou na aliança militar.
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A Bloomberg escreve que, para Biden, veterano da política externa, essas tensões são um lembrete de que os centros globais de poder estão mudando e os ventos soprando não necessariamente a favor de Washington.
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