Ao contrário do uso do dólar na Argentina, o ex-presidente defendeu a criação de uma moeda comum para os países do Mercosul — Brasil, Paraguai, Uruguai, Bolívia e Argentina. "Devemos avançar para uma unificação monetária com o Brasil. A moeda única fortaleceria inicialmente a Argentina, mas ambos os países a longo prazo", disse.
Na segunda-feira (11), o mercado financeiro da Argentina ficou praticamente paralisado após uma decisão tomada pelo Banco Central de limitar operações de câmbio. O objetivo foi adiar a desvalorização do peso até que as primeiras ações econômicas do novo governo sejam anunciadas.
Para Macri, que governou o país entre 2015 e 2019, o primeiro passo do governo deve ser "restaurar o equilíbrio fiscal e sair das restrições cambiais que a Argentina possui". Conforme o ex-presidente, isso ajuda a recuperar "a confiança, e depois o novo governo decidirá se avança para a dolarização".
Como exemplo, Mauricio Macri enfatizou que o Equador, cujo sistema monetário é dolarizado desde 1999, "voltou a ter um déficit fiscal". Por isso é preciso antes entender "as vantagens simbólicas da dolarização".
"Se o Mercosul é sério, precisamos ter as mesmas regras e a mesma moeda, como na zona do euro. A unificação monetária comercial faz sentido, assim como o ajuste fiscal", defendeu.
Reforço do apoio a Milei
O ex-presidente voltou a reforçar o apoio a Javier Milei, que assumiu a Casa Rosada no último domingo (10), após vencer o ex-ministro da Economia Sergio Massa no segundo turno da eleição argentina. Apoiada por Macri, a candidata Patricia Bullrich não passou do primeiro turno, mas foi nomeada ministra da Segurança pelo governo do liberal.
"Temos uma oportunidade única em 100 anos. Se esse homem [Milei] impuser a mudança, veremos algo inédito. O show está prestes a começar", disse, embora não descarte "episódios de violência" devido às novas medidas econômicas.
Além disso, destacou que o economista ganhou as eleições "dizendo que faria o ajuste", o que dá condições para fazer o que é necessário. Questionado sobre se há semelhanças entre Milei e o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro, Macri defendeu que são figuras totalmente diferentes.
"Não é comparável a Bolsonaro, que veio de dentro do sistema, que era parlamentar. Donald Trump, outro exemplo, era do Partido Republicano. Milei, que trabalhou muito no segundo turno, é um outsider. Ele usou isso [mostra o celular] e ganhou a eleição. É impressionante."