"A política destrutiva e perigosa de escalada de Washington põe em causa a nossa moratória sobre a implantação de mísseis de curto e médio alcance. [...] a situação é alarmante. Não queremos uma escalada, mas não cederemos à pressão", disse o ministro à imprensa russa.
O diplomata observou ainda que a Rússia e os Estados Unidos mantêm um diálogo mínimo, especificamente na troca de opiniões sobre questões de estabilidade estratégica.
"Isso acontece apenas a nível laboral, através dos canais diplomáticos. Ou seja, não há nada semelhante ao que aconteceu no passado", acrescentou.
Para começar a considerar a retomada de um diálogo sistemático com Washington sobre a estabilidade estratégica, continuou Ryabkov, são necessárias mudanças reais na atual política hostil dos EUA em relação à Rússia.
"Isso ainda não está acontecendo, pelo que não há possibilidade de manter um diálogo nem sobre a estabilidade estratégica nem sobre a limitação do armamento estratégico", concluiu.
Ao mesmo tempo, o vice-ministro russo advertiu o bloco ocidental que o seu país defenderá a sua integridade territorial com todos os meios disponíveis.
Ryabkov insistiu que a Rússia vai responder a todos os ataques hostis dos países ocidentais e só acreditará em fatos.
"Não confiamos de forma alguma nas palavras dessas pessoas", acrescentou.
As declarações de Ryabkov aparecem depois de surgirem os planos dos EUA para instalar mísseis de curto e médio alcance na região da Ásia-Pacífico antes do final do ano. A Rússia questionou os planos de Washington e avisou que reveria a sua moratória sobre a implantação deste tipo de armas se os norte-americanos posicionassem os seus mísseis em qualquer parte do mundo.
Em 2019, os EUA violaram o Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário (Tratado INF) sobre mísseis de médio e curto alcance, que proibia a implantação terrestre deste tipo de armas. No continente europeu, os EUA e a Rússia também estão envolvidos em uma luta geopolítica sobre o conflito ucraniano.
Desde fevereiro de 2022, as forças russas têm levado a cabo a operação militar especial para impedir os bombardeios ucranianos contra civis em Donetsk e Lugansk, dois territórios que se tornaram independentes da Ucrânia em 2014 e se juntaram à Rússia em setembro de 2022.
De acordo com a liderança russa, os objetivos da campanha militar são parar "o genocídio do povo de Donetsk e Lugansk cometido pelo regime ucraniano" e enfrentar os riscos de segurança nacional colocados pelo avanço da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) para o Leste Europeu.
No dia 6 de maio, o Estado-Maior russo, por ordem do supremo comandante-chefe das Forças Armadas, Vladimir Putin, iniciou os preparativos para um exercício militar com práticas de uso de armas nucleares não estratégicas.
Segundo o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, estes exercícios estão relacionados com as declarações do Ocidente sobre a sua disponibilidade para enviar tropas para a Ucrânia. O porta-voz presidencial descreveu estas declarações como perigosas. Em suas palavras, esta nova rodada de escalada de tensão, sem precedentes, requer atenção especial e medidas especiais.