Panorama internacional

'Guerra nuclear', diz ex-fuzileiro naval sobre permissão dos EUA de ataques ucranianos à Rússia

Uma permissão dos EUA de ataques ucranianos na Rússia, usando armas americanas de longo alcance, quase certamente provocaria uma resposta russa, resultando potencialmente em um conflito direto entre Moscou e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), disse à Sputnik Scott Ritter, ex-fuzileiro naval e inspetor de armas da ONU.
Sputnik
A Ucrânia já está atacando instalações energéticas críticas dentro da Rússia, como tanques de petróleo, destacou Ritter.

"Isso está acontecendo, só que não está acontecendo com a conivência do Departamento de Estado [dos EUA] ou do Departamento de Defesa."

Em uma sessão do Congresso norte-americano, o presidente do Comitê de Relações Exteriores da Câmara dos Representantes, Michael McCaul, adicionou lenha ao fogo depois de exibir um mapa da Rússia mostrando as áreas que podem ser atingidas por mísseis ATACMS e foguetes HIMARS.
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McCaul então perguntou ao secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, se ele mudará a política de proibição da Casa Branca quanto ao uso de armas para atacar o território russo. Blinken, por sua vez, respondeu: "A Ucrânia terá de tomar e tomará suas próprias decisões, e quero ter a certeza de que receberá o equipamento de que necessita."
Agora, fontes internas da Casa Branca afirmam ao The New York Times que Blinken é a favor desses ataques e teria pedido ao presidente Joe Biden que autorizasse formalmente que os ucranianos usassem armas estadunidenses contra o território russo.

"Está acontecendo com assistência e a facilitação da CIA [Agência Central de Inteligência]: uma guerra secreta. Tudo que 'Tony' Blinken está falando agora é pegar essa guerra secreta e torná-la aberta."

Em resposta, os homólogos de McCaul na Duma e no Conselho da Federação — câmaras baixa e alta do Parlamento russo, respectivamente — criticaram a "loucura" do congressista e a aparente perda do instinto de autopreservação, alegando que a Rússia seria forçada a "tomar medidas duras e rápidas" em resposta a uma agressão tão flagrante.
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A representante oficial do Ministério das Relações Exteriores, Maria Zakharova, recomendou a McCaul que o primeiro lugar no "interior russo" a ser alvo de mísseis de longo alcance dos EUA seja a Embaixada americana em Moscou.
Segundo Ritter, esse debate norte-americano constitui mais do que um "jogo de palavras". "Por que ele [Blinken] está fazendo isso? Política interna americana", disse.

"Não terá impacto no campo de batalha. Mas o que faz é permitir que a administração Biden se posicione como se estivesse fazendo algo discernível para lidar com os sucessos russos."

No entanto, diz Ritter, a solução encontrada pela administração norte-americana é "míope". Uma retórica hostil vinda de Washington sobre os ataques à Rússia seria uma "escalada sem precedentes", "um ato de guerra, um ato de agressão que a Rússia não poderia deixar sem resposta".
"Não resolverá os problemas militares que os ucranianos enfrentam. O que fará é criar o potencial perigoso para o tipo de escalada que a administração Biden tem procurado assiduamente evitar — uma que levaria ao confronto direto entre a Rússia, os Estados Unidos e a OTAN."

"Uma escalada que poderá fazer com que esse conflito se afaste da guerra convencional e se transforme na possibilidade na verdade, na probabilidade de um conflito nuclear."

Legalmente, disse o fuzileiro, a Rússia teria o direito não só de atacar centros de tomada de decisão e lançar locais dentro da Ucrânia, mas também aqueles que facilitam os ataques, incluindo potencialmente "centros de tomada de decisão americanos na Europa".
A Rússia, afirma Ritter, tem a capacidade de intervir de forma decisiva em todas as atividades que ocorrem em solo da OTAN, mas não o faz porque isso levaria a uma escalada. "Portanto, a Rússia evitou fazer isso, apesar de ter todo o direito de fazê-lo."
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