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'De pouco vai servir': por que o Sul Global rejeita a cúpula na Suíça sobre a Ucrânia?

CC BY-SA 2.0 / Palácio do Planalto / Ricardo Stuckert / Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva durante reunião ministerial no Palácio do Planalto. Brasília (DF), 20 de dezembro de 2023
Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva durante reunião ministerial no Palácio do Planalto. Brasília (DF), 20 de dezembro de 2023 - Sputnik Brasil, 1920, 18.05.2024
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A ausência da África do Sul e do Brasil na cúpula convocada pela Suíça em relação à Ucrânia é uma forma de apoiar a posição da Rússia, que não foi convidada para o encontro, de ser incluída nas negociações com vista a alcançar um acordo de paz na região, apontam analistas.
Em 16 de maio foi noticiado que tanto Cyril Ramaphosa, presidente da África do Sul, como Luiz Inácio Lula da Silva, do Brasil, não compareceriam ao encontro que se realizará em 15 e 16 de junho de 2024 em Burgenstock, Suíça. O porta-voz de Ramaphosa argumentou que "os processos constitucionais pós-eleitorais que exigirão sua presença" na África do Sul, e fontes diplomáticas citadas pela mídia brasileira informaram que a presença de Lula na cúpula não tem sentido porque a Rússia foi excluída.

"Uma reunião desta natureza onde não está um dos principais atores neste fenômeno internacional, de pouco vai servir; praticamente seria um comparecimento para dar um impulso à posição ucraniana e não haveria a outra parte que negociasse a possibilidade de uma solução para o conflito", disse à Sputnik o professor Alejandro Martínez Serrano, professor de Relações Internacionais na Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM) e na Universidade La Salle.

Tanto o especialista como a doutora em estudos latino-americanos pela UNAM Claudia Serrano, concordaram ainda que a pertença da Rússia, Brasil e África do Sul ao grupo do BRICS permitem impulsionar em conjunto a abordagem de outras visões para a resolução do conflito.
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"Tanto a África do Sul como o Brasil têm estado aprofundando ou reforçando uma série de reuniões político-diplomáticas, bem como de âmbito econômico, na qual puseram o dedo na ferida sobre a necessidade de consolidar um sistema multipolar", observou a doutora Serrano.
Em relação à cúpula na Suíça, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, salientou que o processo de negociação sobre a Ucrânia não tem sentido sem a participação da Rússia.
O professor Martínez Serrano insistiu ainda que, sem a presença de todas as partes envolvidas, na cúpula só se daria "aprovação" à Ucrânia e condenação da parte russa.

O que esperar da cúpula?

Os analistas consultados pela Sputnik consideram que tanto a exclusão da Rússia como os desafios inerentes à complexidade do conflito criam uma série de obstáculos para que a cúpula cumpra os objetivos delineados.
"Me parece que o caminho para poder consolidá-lo [o processo de paz] é muito complicado, porque muitos deles [os países participantes] estiveram nestas mesas de diálogo, mas já quando chega o momento da resolução final, normalmente ficam poucos, que seguem sendo os mesmos que estão liderando este enquadramento da paz desde o Ocidente, ou priorizando as visões desde o Ocidente", considerou a doutora Serrano.
A respeito disso, a especialista lembrou que, na Cúpula das Américas em junho de 2022, os Estados Unidos pressionaram os países da América Latina e Caribe a apoiar a causa ucraniana, porém, tiveram pouco sucesso.
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Paz ou escalada de conflito?

Ao mesmo tempo da convocação da Suíça para a cúpula sobre a Ucrânia, Emmanuel Macron, presidente da França, declarou recentemente que "se a Rússia for longe demais, todos os europeus devem estar prontos para agir, para dissuadi-la".
Além disso, Macron afirmou no final de fevereiro que havia discutido com os líderes de alguns países-membros da OTAN, entre eles a Alemanha, a Dinamarca, os Países Baixos, a Polônia e o Reino Unido, o possível envio de militares à Ucrânia, mas não se conseguiu um consenso.
Martínez Serrano considerou que o discurso de Macron tem mais matizes eleitorais do que de uma verdadeira intenção de participar do conflito: "Não creio que o presidente francês tenha a coragem de realizar uma operação militar desta natureza".
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