A questão envolve o Conselho da OIT, o qual funciona como uma espécie de diretório central da entidade com dez países que – de forma permanente – fazem parte da estrutura de poder.
O Brasil é um dos dez. Mas, da mesma forma que luta por reformar o Conselho de Segurança das Nações Unidas, a direção do Fundo Monetário Internacional (FMI) e acabar com o privilégio das potências, o governo decidiu que também vai propor o fim da diferenciação entre os países no órgão onde ele é considerado uma potência, escreve a coluna de Jamil Chade no UOL.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva mencionou a reforma em seu discurso na semana passada durante a 112ª Conferência Internacional do Trabalho em Genebra, na Suíça, e indicou que o governo vai trabalhar pela ratificação da emenda no país.
"Não faz sentido apelar aos países em desenvolvimento para que contribuam para a resolução das crises que o mundo enfrenta hoje sem que eles estejam adequadamente representados nos principais órgãos de governança global", afirmou o presidente na conferência.
No entanto, o colunista sublinha que foi nos bastidores que a costura na OIT começou, de fato, a ser feita.
Ao longo da semana, o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, reuniu-se com os dez países que fazem parte do conselho de administração do órgão para discutir a aceleração da ratificação da Emenda de 1986 à Constituição da OIT, que altera o sistema de governança da entidade.
A ideia do governo brasileiro é que, com o fim do assento permanente, o órgão passe a ter uma nova composição, privilegiando os países em desenvolvimento e com mais vagas para a América Latina.
O cálculo é de que, em votações, o Brasil tem condições de manter o cargo em grande parte dos pleitos. Mas daria uma sinalização concreta de que adotará uma postura de coerência ao pedir o fim de privilégios aos mais ricos em outros órgãos, escreve a mídia.
Além do Brasil, contam com assentos permanentes na OIT a Alemanha, China, EUA, Rússia, França, Índia, Itália, Japão e Reino Unido.