Mais de 100 países participaram da primeira cúpula da Ucrânia na Suíça. No entanto, o evento ficou aquém do que o regime ucraniano esperava, uma vez que muitos países — principalmente os do Sul Global — se recusaram a assinar o documento final, argumentando que sem a presença dos "dois atores do conflito", não era possível legitimar a proposta.
"Temos vários países [se oferecendo para acolher a segunda cúpula], e posso dizer, com um elevado grau de probabilidade, que tal cúpula poderia ter lugar em um dos países do Sul Global", disse o assessor presidencial Igor Zhovkva, segundo a Reuters.
A Ucrânia quer que o próximo evento seja convocado antes do final do ano, disse Zhovkva, acrescentando que a Rússia poderia ser convidada se estivesse preparada para considerar o roteiro estabelecido pela Ucrânia e não emitisse ultimatos.
Contudo o assessor se recusou a identificar os possíveis anfitriões, afirmando que isso apenas ajudaria Moscou a "minar os esforços diplomáticos".
Contando com o apoio da maioria dos países ocidentais, Kiev intensificou os seus esforços para obter o apoio do Sul Global e de países asiáticos historicamente mais próximos da Rússia e mais ambivalentes em relação à operação na Ucrânia. A China, por exemplo, não compareceu ao evento, enquanto o Brasil se recusou a enviar um representante do primeiro escalão do governo.
Na quarta-feira (19), Andrei Yermak, chefe de gabinete de Vladimir Zelensky, levantou a possibilidade da participação da Rússia em uma segunda cúpula: "Todas essas partes farão parte desse plano conjunto, que será apoiado por vários países […]. Achamos que será possível convidar um representante da Rússia", afirmou Yermak.
O presidente russo, Vladimir Putin, estabeleceu os termos para diálogos de paz na véspera da cúpula suíça, exigindo que a Ucrânia abdicasse dos territórios originários russos, ou seja, as regiões de Kherson e Zaporozhie e as repúblicas de Donetsk e Lugansk, bem como renunciasse à sua ambição de aderir à OTAN, conforme noticiado.
Moscou já declarou não ser contra as negociações pela paz, mas mesmo que recebesse o convite para a primeira cúpula, não participaria, porque desconsidera Berna um ator neutro, uma vez que se uniu ao esforço ocidental nas sanções contra o Estado russo, descredibilizando seu papel como mediador do conflito.