As autoridades de Israel estão financiando um programa para moldar a opinião pública nos EUA sobre a ação militar na Faixa de Gaza, visando especialmente as universidades americanas, escreveu na segunda-feira (24) o jornal britânico The Guardian.
Segundo o jornal, em novembro, Amichai Chikli, ministro da Diáspora, garantiu aos legisladores israelenses que há novos fundos no orçamento para uma "campanha de resposta" de Israel. Ela inclui 80 programas que já estão em andamento como parte de uma "campanha de relações públicas" a ser realizada pela Concert.
A Concert, diz o The Guardian, prevê um relançamento em grande escala de um programa do governo israelense destinado a promover as chamadas atividades de conscientização em massa voltadas principalmente para os EUA e a Europa. Ela é agora conhecida como Vozes de Israel (Voices of Israel, em inglês), e fez uma parceria com o Instituto para o Estudo do Antissemitismo Global e Política (ISGAP, na sigla em inglês), uma organização sem fins lucrativos sediada nos EUA.
"A última encarnação [do programa da Concert] faz parte de uma operação secreta do governo israelense para atacar os protestos estudantis, as organizações de direitos humanos e outras vozes dissidentes", afirmou o jornal.
Ele observa que, entre outubro e maio, Chikli gastou pelo menos 32 milhões de shekels israelenses (R$ 46,41 milhões) para se infiltrar no governo a fim de mudar o formato da opinião pública. Organizações ligadas à Vozes de Israel incluem CyberWell e o Conselho Nacional de Empoderamento Negro (NBEC, na sigla em inglês), que estão tentando aumentar o apoio a Israel nos EUA.
"O alvorecer da guerra de Gaza após os ataques terroristas do Hamas em 7 de outubro de 2023 provocou a terceira reinicialização da empresa apoiada pelo governo, que foi originalmente constituída por meio do agora rebaixado Ministério de Assuntos Estratégicos", explica a mídia britânica.
"A reformulação foi divulgada pela primeira vez por meio de um documento orçamentário pouco notado publicado pelo governo israelense em 1º de novembro, que observou que a Vozes [de Israel] congelaria todas as campanhas anteriores para apoiar atividades relacionadas a 'vencer a guerra pela história de Israel'", detalhou.