O Ministério das Relações Exteriores da Rússia informou ainda que compartilhou os principais resultados com o embaixador chinês. Moscou e Pequim têm utilizado plataformas bilaterais e multilaterais, incluindo as Nações Unidas, para promover a paz e a estabilidade no Nordeste da Ásia e aliviar as tensões na península coreana.
As consultas de alto nível entre os dois parceiros estratégicos fazem parte desses esforços, enquanto os EUA e seus aliados, incluindo os asiáticos, mostraram uma insatisfação inadequada com o Tratado de Parceria Estratégica Abrangente entre Rússia e Coreia do Norte.
O coordenador de comunicações estratégicas do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, apontou que os EUA fortalecerão a atuação na região da Ásia-Pacífico em resposta ao tratado, o que também pode ter um novo impacto negativo na segurança das áreas próximas à fronteira da China. Ao mesmo tempo, Washington mantém a retórica hostil contra a China, incluindo fortes apelos para pressionar a Coreia do Norte a se desarmar.
O chefe do Departamento de Coreia e Mongólia do Instituto de Estudos Orientais da Academia Russa de Ciências, Aleksandr Vorontsov, defendeu à Sputnik que os EUA estão tentando usar a questão da Coreia do Norte para causar atrito nas consolidadas relações entre a Rússia e a China.
"A visita de Putin à Coreia do Norte foi um sucesso diplomático. No entanto, os EUA afirmam que a Rússia está tomando a iniciativa na península coreana. Os EUA estão usando isso para irritar a China, pedindo ajuda ao país para conter a questão. Os norte-americanos veem a China como um aliado temporário que pode ser usado, mas ao mesmo tempo aumentam a pressão militar e política sobre ela", resume.
Para o especialista, "é surpreendente como eles pressionam severa e arrogantemente enquanto estendem a mão para pedir cooperação".
"Por outro lado, essa é apenas a política de dividir para conquistar dos EUA, tentando criar desconfiança entre seus adversários — nesse caso, Rússia, China e Coreia do Norte. É extremamente estúpido, considerando o contexto em que os EUA continuam a estabelecer e expandir alianças principalmente contra a China no Leste Asiático", acrescenta.
O especialista apontou ainda que depois de os EUA declarararem abertamente que querem derrotar a Rússia, o país pretende adotar a mesma estratégia com a China. Enquanto isso, Pequim respondeu firmemente por meio da diplomacia, afirmando que a lógica norte-americana não funciona.
"A propaganda dos EUA já gastou muita energia nesse sentido. A lógica dos EUA é simples — ajude-me a derrotar seu amigo; uma vez que o derrotarmos, começaremos a destruir você, ou seja, a China. Os norte-americanos não escondem que a China é o segundo país que eles querem destruir. Mas hoje dizem aos chineses para ajudarem a derrotar a Coreia do Norte", diz.
Apesar disso, Vorontsov pontua que não há cooperação da China em relação à questão. "Eles só sabem exigir, tratando a China com punhos fechados, fazendo exigências arrogantes unilateralmente, sem oferecer qualquer sugestão de compromisso. Isso é hegemonia e intimidação, refletindo apenas a preocupação dos americanos com os eventos em Pyongyang", explica.
Por fim, o analista lembra que aumentar a pressão sobre a China em torno da questão da Coreia do Norte faz parte da diplomacia confrontacional dos EUA, que querem apenas benefícios militares e políticos. "As exigências e reivindicações feitas à China também são parte integrante da retórica hostil, sem qualquer intenção de negociar com a China com base no respeito mútuo e no benefício recíproco", finaliza.