"É um absurdo. Obviamente me preocupa essa subida do dólar. É uma especulação. Há um jogo de interesse especulativo contra o real neste país […]. Não é normal o que está acontecendo", afirmou ele em entrevista à Rádio Sociedade, de Salvador, nesta terça-feira (2).
"O Brasil tem um volume de reservas muito elevado, espaço para fazer política cambial. Pode vender dólar para evitar que o preço aumente muito e vender títulos do governo brasileiro indexados em dólar. Há vários instrumentos que podem efetivamente contribuir para controlar a variação do dólar. No momento, o Banco Central não vem tendo uma postura de contribuir para segurar a desvalorização do dólar", opinou ele.
Pressão externa
"A causa maior dessa alta do dólar não são fatores externos. […] entendo que um fator interno fundamental é a instabilidade fiscal brasileira, a incerteza com relação à adimplência da dívida brasileira", opinou Rochlin. "Com isso, [investidores] acabam também procurando um porto seguro e o dólar é visto como porto seguro e, portanto, ele se torna mais caro."
"Se por um lado há um discurso que tem o apoio dos economistas e do mercado feito pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, por outro lado, o presidente da República e boa parte do governo pressionam pelo aumento de gastos […]. Nesse sentido, colocam em dúvida as metas de redução de despesas e de déficit fiscal zero para 2024, que é o compromisso do governo."
Eleição nos EUA e possível vitória de Trump
"A expectativa é de que o governo Trump seja mais protecionista, restrinja a compra de produtos do exterior, levante barreiras alfandegárias à compra de produtos no exterior. E a tendência é que os preços subam um tanto mais, o que impacta a inflação, empurra a taxa de juros para cima […]. Significa dizer que os títulos americanos ficam mais atraentes, o que tira capital do Brasil", concluiu o economista da FGV.
"Cria uma expectativa de que vai haver uma intervenção do governo na política cambial. Em vez de acalmar o mercado, tem o efeito contrário para um mercado mais especulativo e volátil", acrescentou o professor do Ibmec.
"Deixou de ser o Banco Central que defende os interesses da sociedade brasileira para prestar mais conta ao mercado financeiro do que à ordem democrática", criticou. "Isso é um dos indicadores de que o Banco Central independente, em um país como o nosso, é muito ruim. Em vez de gerar mais estabilidade, gera mais instabilidade", expôs Prado.
O impacto da alta do dólar no bolso do brasileiro
"O dólar tem um impacto de aumento de custos generalizado de insumos na economia, que começa com petróleo, vão para os seus derivados como plástico e em termos de equipamentos importados, itens importados, softwares e tecnologia, porque aumenta custos e isso pressiona a inflação. A inflação corrói o poder de compra da população, principalmente a população […]", exemplificou Braga.