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Analista: 'Dólar americano unipolar' se transformou em ferramenta 'politicamente armada'

CC0 / / Dólar americano (imagem de referência)
Dólar americano (imagem de referência) - Sputnik Brasil, 1920, 01.07.2024
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Desde que o dólar americano se tornou o "administrador de fato do sistema econômico global" pelo Acordo de Bretton Woods, abusou desse papel, disse o analista financeiro Paul Goncharoff à Sputnik.
Um quadro monetário dominado pelos EUA foi posto em prática há 80 anos em Bretton Woods. Gerou tudo, desde déficits crônicos e bolhas especulativas até sanções com motivação política, ao mesmo tempo que permitiu que o dólar reinasse soberano. Desde o colapso do sistema, as economias globais têm lidado com o impacto negativo das suas falhas inerentes na medida em que a moeda degenerou em uma ferramenta "unipolar e não confiável, politicamente armada", observou o experiente analista financeiro, gestor-chefe da empresa de consultoria Goncharoff LLC, Paul Goncharoff.
A criação do BRICS motivou muitos países a embarcarem em um esforço organizado para desdolarizar e se libertar do ciclo político vicioso, como salienta o analista.
"O 'privilégio extraordinário' desfrutado pelo dólar como a principal moeda de reserva global testou ao longo do tempo a disciplina, a determinação e a confiança do governo dos Estados Unidos [...]. Foi considerado insuficiente, à medida que o que deveriam ter sido decisões objetivas economicamente sólidas degenerou constantemente em ações de curto prazo politicamente 'armadas' que eram extremamente caras para o resto do mundo", disse Goncharoff.
O dólar americano foi oficialmente coroado como a moeda de reserva mundial, apoiado pelas maiores reservas de ouro do mundo, quando o sistema monetário internacional conhecido como sistema de Bretton Woods foi forjado no resort americano de mesmo nome em New Hampshire, em julho de 1944. Na época, os delegados para a Conferência Monetária e Financeira das Nações Unidas concordaram em estabelecer o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o que se tornou o Grupo Banco Mundial para regular os acordos mútuos e as relações monetárias. O sistema durou até 1971.
Na década de 1960, no entanto, o dólar estava grosseiramente sobrevalorizado, uma vez que os EUA não tinham ouro suficiente para cobrir o volume de dólares em circulação mundial devido aos "constantes e crescentes déficits da balança de pagamentos dos EUA", salientou Goncharoff. Isso implicava que os Estados Unidos não poderiam cumprir a sua obrigação de trocar dólares por ouro ao preço oficialmente definido, "muito à semelhança do significativo déficit atual da balança de pagamentos e do perfil da dívida que os EUA mostram hoje, embora totalmente desvinculados do ouro como principal lastro", adicionou.
"A era da flexibilização quantitativa [QE, na sigla em inglês] nas últimas duas décadas é claramente ilustrativa da falta de uma âncora na política monetária dos EUA, pela qual, infelizmente, todos os países não usuários do dólar que desejam permanecer alinhados com ele devem pagar [...] exorbitantemente", disse o especialista.
Cédula de yuans (imagem referencial) - Sputnik Brasil, 1920, 04.06.2024
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Tanto as economias globais como as nacionais continuam a enfrentar desafios à medida que tentam ultrapassar as consequências das falhas inerentes ao sistema de Bretton Woods, observou o especialista financeiro.
"Em essência, quanto mais os Estados Unidos imprimem e gastam dólares americanos, mais se espera que o resto do mundo invista em títulos do governo dos EUA e subsidie esses gastos com dívida. As nações do BRICS e os seus aderentes estão defendendo a utilização de moedas nacionais para o comércio transfronteiriço, eventualmente se desligando cada vez mais do unipolar e visivelmente pouco fiável dólar americano", explicou Goncharoff.
O analista prevê que o dólar americano "se tornará propenso a choques crescentes, levando à incerteza e à desconfiança nos mercados financeiros globais".
Embora Moscou tenha efetivamente se "vacinado" contra futuros problemas iminentes com a economia dos EUA, outros países, como a China, estão fazendo o mesmo. O foco comercial está se afastando dos Estados Unidos, alimentando uma evolução geopolítica de blocos comerciais como o BRICS, a União Econômica Eurasiática e a Organização de Cooperação de Xangai (OCX).
"Outros governos estão ficando preocupados com a possibilidade de que estas punições [sanções unilaterais norte-americanas] lhes possam ser aplicadas no futuro, o que também cria desconfiança e medo da sobre-exposição ao dólar americano. Qualquer um desses problemas é sério. Em última análise, parece improvável que os Estados Unidos consigam afastar as repercussões de todos eles. Em suma, os Estados Unidos exageraram enormemente e prejudicaram a sua própria fiabilidade como parceiro comercial global", concluiu o analista.
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