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Análise: qualquer falha de Biden durante debate com Trump pode ser o 'fim de sua campanha'

© AP Photo / José Luis VillegasEsta combinação de fotos mostra o ex-presidente Donald Trump à esquerda e o presidente Joe Biden à direita. Biden e Trump estão se preparando para uma possível desforra em 2024. Uma nova pesquisa encontra uma notável falta de entusiasmo dentro dos partidos por qualquer um dos homens como líder de seu partido e uma clara abertura para uma nova liderança. A pesquisa do The Associated Press-NORC Center for Public Affairs Research revela que um terço dos democratas e republicanos não tem certeza de quem eles querem que lidere seu partido
Esta combinação de fotos mostra o ex-presidente Donald Trump à esquerda e o presidente Joe Biden à direita. Biden e Trump estão se preparando para uma possível desforra em 2024. Uma nova pesquisa encontra uma notável falta de entusiasmo dentro dos partidos por qualquer um dos homens como líder de seu partido e uma clara abertura para uma nova liderança. A pesquisa do The Associated Press-NORC Center for Public Affairs Research revela que um terço dos democratas e republicanos não tem certeza de quem eles querem que lidere seu partido - Sputnik Brasil, 1920, 27.06.2024
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Nesta quinta-feira (27) acontece o primeiro de dois debates acordados entre os candidatos à presidência dos Estados Unidos. A Sputnik conversou com especialistas para saber como chega cada uma das campanhas e quais devem ser as estratégias para a vitória.
Joe Biden e Donald Trump subirão ao palco para realizar um debate com muitas particularidades e de grande importância política antes das eleições presidenciais norte-americanas em novembro. De acordo com a CNN, o encontro está previsto para começar às 22h (horário de Brasília) na cidade de Atlanta.
A primeira peculiaridade é que esta é a primeira vez na história dos EUA que um presidente em exercício e um antigo chefe de Estado se enfrentam. Corroborando a singularidade do evento, é também o primeiro debate presidencial que será realizado antes das convenções partidárias, onde tradicionalmente são formalizadas candidaturas e lançadas oficialmente as campanhas.
A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni; o chanceler alemão, Olaf Scholz; o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel; o primeiro-ministro da Grã-Bretanha, Rishi Sunak; o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau; a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen; o presidente dos EUA, Joe Biden; o primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida; e o presidente francês, Emmanuel Macron, assistem a uma demonstração de paraquedismo durante a Cúpula do G7, em Borgo Egnazia. Itália, 13 de junho de 2024 - Sputnik Brasil, 1920, 13.06.2024
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Isso se deve ao fato de que, nesse ciclo eleitoral, já se saber há meses que Biden e Trump carregarão as bandeiras de seus respectivos partidos (Democrata e Republicano) nas eleições de 2024.
Vale lembrar que durante sua campanha anterior, Biden havia dito que seria apenas um "presidente de transição", sugerindo que passaria o manto para um líder mais jovem nas eleições seguintes. Logo após iniciar seu governo, contudo, o democrata começou a se retratar desses comentários, tornando claro que ele buscaria um segundo mandato.
A situação com Trump foi diferente, mas também é representativa da atração que exerce perante o establishment político e o eleitorado. Embora o Partido Republicano tenha levado a cabo uma corrida interna, Trump decidiu não participar nos debates entre os pré-candidatos, com a segurança de quem sabe que seu favoritismo era irreversível.
Os números provaram que ele tinha razão. Apesar da longa e variada lista de opositores republicanos, o magnata derrotou facilmente todos os seus correligionários em cada uma das votações primárias, tornando-se o candidato presidencial republicano pela terceira vez consecutiva.
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Mesmos protagonistas, novas regras

Ainda que este debate seja uma repetição do confronto que ocorreu na campanha de 2020 — embora agora com os papéis alterados, com Biden como chefe de Estado e Trump como desafiante —, a rede CNN anunciou que o evento, com duração de 90 minutos, terá formato diferente das eleições anteriores.
Entre as novas regras anunciadas que a rede anunciou terem sido aceitas pelas campanhas de ambos os candidatos, está a de que o confronto será realizado em um estúdio sem plateia e que apenas o microfone de quem for a vez de falar estará aberto, evitando qualquer interrupção.
Além disso, os participantes não poderão ter notas escritas nem sair dos púlpitos ou fazer discursos de abertura. Os moderadores, os âncoras da CNN Jake Tapper e Dana Bash, vão direto às perguntas.
A mídia norte-americana anunciou ainda que, do grupo de cinco candidatos presidenciais, apenas participariam Joe Biden e Donald Trump, argumentando que foram os únicos que se qualificaram segundo as regras estabelecidas: ter um mínimo de 15% de intenção de voto a nível nacional e participarem nas primárias de estados suficientes para atingir 270 votos eleitorais — o número mágico para conquistar a presidência, segundo as regras do sistema do Colégio Eleitoral.
Dessa forma, os demais candidatos presidenciais, Jill Stein e Cornel West, da esquerda, assim como o advogado e ativista ambiental Robert F. Kennedy Junior, não estarão no jogo.
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Como chega cada candidato?

Para Demian Bio, internacionalista formado pela Universidade de Buenos Aires, o debate presidencial — visto por dezenas de milhões de cidadãos ao vivo e depois por outras dezenas em clipes que circulam nas redes sociais — é sempre um acontecimento crucial na campanhas presidenciais. Dentre os dois participantes, desta vez é Biden quem sofre maior pressão para ter um bom desempenho, devido à fragilidade de sua candidatura.
"Atualmente, dado o seu índice de aprovação muito baixo, de cerca de 38%, e que as sondagens o mostram atrás de Trump, é o presidente quem deve mudar a trajetória da corrida e está mais do que obrigado a não falhar, porque pode ser o fim de sua campanha."
As declarações de Bio fazem alusão a recentes reportagens de que a liderança democrata estaria analisando a substituição de Biden como candidatos presidenciais se o seu desempenho no debate for fraco ou se exibir a mesma falta de preparo físico ou mental que vem demonstrando nos últimos meses.

"Esse é o outro grande desafio para Biden, cujos próprios eleitores democratas acreditam que ele é muito velho [81 anos] para concorrer a um segundo mandato e que nos últimos tempos cometeu todo tipo de gafes que mostram deterioração da capacidade física e mental."

"Agora, o presidente deve demonstrar que está em melhores condições do que parece ou do que as pessoas acreditam, o que não será fácil, porque ele é um homem objetivamente muito velho, que terá que ficar 90 minutos em pé, sem ajuda, sob os olhos do mundo inteiro", diz Bio.
Segundo o especialista, essas baixas expectativas para Biden "também podem funcionar a seu favor, porque se ele não cometer grandes erros, se não ficar muito tempo calado ou parecer perdido no palco, como tem acontecido com mais e mais frequência ultimamente, pode parecer que não está tão mal".

"No entanto, se perante uma audiência tão grande Biden parecesse tão deteriorado e confuso como tem estado, mesmo os eleitores democratas poderiam repensar o seu voto, e a campanha terminaria", acredita o internacionalista.

De qualquer forma, alerta Bio, o presidente democrata deve ter cuidado para não exagerar diante das câmeras.
"Se querendo parecer duro para dissipar todas as dúvidas sobre o seu estado físico e mental, Biden decidir levar a cabo uma estratégia muito agressiva, isso poderá funcionar contra ele […]. Esse foi um erro que Trump cometeu no seu primeiro debate com Biden em 2020, em que o então presidente esteve constantemente no ataque, e que não caiu bem entre os indecisos e independentes, que são o bloco-chave que deve ser seduzido em todas as eleições nos Estados Unidos".
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Sobre Trump, Bio salienta que embora as duas últimas grandes sondagens, publicadas nesta semana pelo The New York Times e pelo The Washington Post, o mostrem à frente em quase todo os estados disputados — os chamados "swing states", que definem as eleições —, o republicano não pode confiar que já ganhou a corrida e deve ser mais moderado do que o habitual.
"Trump tem sido muito inteligente durante todos esses meses, concentrando a sua campanha em questões como o crescimento da imigração ilegal na fronteira, o aumento dos preços e como isso afeta as comunidades hispânicas e afro-americanas."

"E também ao apontar várias questões espinhosas para Biden, como alegados escândalos de corrupção, o aumento das despesas públicas, incluindo o financiamento de Kiev e a possibilidade de levar os EUA a uma guerra com a Rússia e a China. Ou seja, ele tem se concentrado nas questões, e não na pessoa, e isso o ajudou a crescer nas pesquisas", afirma o especialista.

Já Biden e sua equipe optaram por centrar sua campanha em questões diferentes, como o acesso ao aborto e a suposta defesa da democracia, procurando associar Trump à revogação desse direito constitucional pelo Supremo Tribunal em 2022 e com o cerco ao Capitólio por seus seguidores em 2021, sublinha Bio.
Embora sejam questões que mobilizam muitos eleitores e ativistas democratas, diz o especialista, elas não aparecem no topo da lista de prioridades do eleitorado geral, como acontece com a imigração ilegal ou o aumento do preço dos alimentos, da habitação ou da energia, segundo as sondagens.

"Portanto, se somarmos a percepção de falta de capacidade devido à idade avançada, aos maus resultados econômicos, à baixa popularidade e à falta de ligação da sua campanha com o eleitorado, Biden parece caminhar para uma derrota quase certa."

"A noite do primeiro debate é uma oportunidade para ver se ele fará algo a respeito ou se continuará no mesmo caminho", conclui.
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