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'Anacrônico': crise doméstica de líderes do G7 reflete atrofia do grupo

© AP Photo / Luca BrunoA primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni; o chanceler alemão, Olaf Scholz; o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel; o primeiro-ministro da Grã-Bretanha, Rishi Sunak; o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau; a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen; o presidente dos EUA, Joe Biden; o primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida; e o presidente francês, Emmanuel Macron, assistem a uma demonstração de paraquedismo durante a Cúpula do G7, em Borgo Egnazia. Itália, 13 de junho de 2024
A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni; o chanceler alemão, Olaf Scholz; o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel; o primeiro-ministro da Grã-Bretanha, Rishi Sunak; o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau; a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen; o presidente dos EUA, Joe Biden; o primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida; e o presidente francês, Emmanuel Macron, assistem a uma demonstração de paraquedismo durante a Cúpula do G7, em Borgo Egnazia. Itália, 13 de junho de 2024 - Sputnik Brasil, 1920, 13.06.2024
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Mediante o conflito entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza, os países do G7 lidaram com a situação, interna e externamente, da pior forma possível. Agora, até mesmo a continuidade de seus governos está ameaçada, afirmam analistas ouvidos pela Sputnik Brasil.
A cidade de Fasano, na Itália, recebe nesta quinta-feira (13) a 50ª Cúpula do G7, fórum informal composto por países ocidentais com relativa força econômica: Estados Unidos, Alemanha, França, Reino Unido, Japão, Canadá e Itália.
Participam também da reunião os líderes da União Europeia (UE), Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, Charles Michel, presidente do Conselho Europeu, e os líderes de instituições financeiras mundiais, como Kristalina Georgieva, chefe de operações do Fundo Monetário Internacional (FMI), e Ajay Banga, presidente do Banco Mundial.
Qual a importância desse encontro? O que deve ser debatido? Questões como essas foram discutidas no episódio de hoje do Mundioka, podcast da Sputnik Brasil apresentado pelos jornalistas Melina Saad e Marcelo Castilho.
O presidente ucraniano, Vladimir Zelensky, fala com a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, durante reunião bilateral na cúpula da União Europeia. Bruxelas, 9 de fevereiro de 2023 - Sputnik Brasil, 1920, 13.06.2024
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Líderes do G7 estão fracos e sem importância

Formado em 1975, na esteira da crise do petróleo de 1973 e na obsolescência dos Acordos de Bretton Woods, o G7 surge como um "clube dos ricos", define Pedro Costa Júnior, analista internacional e fundador do canal O Mundo é um Moinho.

"Eram, naquele momento, as sete economias mais ricas, mais prósperas do mundo, o que já não é mais."

A ideia era que fosse um fórum onde esses países ricos pudessem alinhar suas políticas econômicas e discutir os rumos da economia global. Velado embaixo disso está o caráter geopolítico do grupo, destaca Costa.
Para a professora de relações internacionais do Ibmec, Natalia Fingerman, no encontro deste ano serão discutidos temas que vão desde a taxação dos super-ricos e as proteções comerciais contra a China até temas de segurança e defesa, como o conflito ucraniano e a guerra em Gaza.
Ainda há temas que unem os dois aspectos, como o uso de fundos russos congelados para auxiliar a Ucrânia. "A Rússia foi confiscada, foi assaltada, foi roubada em US$ 350 bilhões [R$ 1,8 trilhão] em ativos que ela tinha na Europa e nos Estados Unidos", lembrou Costa.
No entanto, Fingerman ressalta que a cúpula deste ano dificilmente alcançará algum acordo expressivo, seja qual for o tema.

"Essa é uma reunião em um momento onde esses países estão com lideranças que não se sabe se vão estar daqui a um mês."

O primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, antecipou as eleições como forma de tentar aproveitar a melhoria da taxa de inflação e estancar a sangria de sua popularidade perante os eleitores. Ao que tudo aparenta, contudo, Sunak será substituído por seu rival trabalhista Keir Starmer.
O presidente francês, Emmanuel Macron, também antecipou as eleições do país frente ao resultado eleitoral de seu partido nas eleições do Parlamento Europeu, esperando pegar a oposição desprevenida e legitimar seu mandato.
Já o chanceler alemão, Olaf Scholz, também recebeu péssimas notícias com as eleições europeias, vendo os partidos de sua "coalizão semáforo" perder o apoio dos cidadãos, cedendo espaço para a coligação conservadora da União Democrata-Cristã (CDU, na sigla em alemão) e da União Social-Cristã (CSU, na sigla em alemão), na Alemanha Ocidental, e ao partido conservador Alternativa para a Alemanha (AfD) na Alemanha Oriental.
O presidente francês, Emmanuel Macron (à esquerda) e o chanceler alemão, Olaf Scholz, caminham no Palácio de Meseberg, residência oficial do Executivo alemão, rumo ao Conselho Ministerial Franco-Alemão. Meseberg, ao norte de Berlim, 28 de maio de 2024 - Sputnik Brasil, 1920, 05.06.2024
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Por sua vez, tanto o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, quanto o premiê canadense, Justin Trudeau, enfrentam cenários domésticos de incertezas, com Trudeau ameaçado politicamente por seu rival conservador, Pierre Poilievre.
Enquanto isso, nos Estados Unidos, Joe Biden recém viu seu filho, Hunter Biden, ser condenado judicialmente em uma corte federal por acusações de posse ilegal de arma após ter mentido sobre o uso de drogas ao adquirir uma pistola em 2018.
A notícia da condenação vem duas semanas antes do primeiro debate com seu rival republicano, Donald Trump, que segundo as pesquisas de opinião do país ameaça retornar à presidência do país.
Georgia Meloni, primeira-ministra italiana, é a única dos líderes que goza de boa popularidade, aumentando a parcela eleitoral e usando a oportunidade para crescer ainda mais a influência italiana na geopolítica mundial.
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O declínio do G7

Surgido como um fórum econômico das maiores economias mundiais, o G7 hoje passa por dificuldades para se manter relevante, ainda mais depois que o grupo "não conseguiu dar uma resposta" à crise de 2008, ressaltou Fingerman.
Aliado a não conseguir cumprir seu papel durante a maior crise econômica do século XXI, o G7 hoje também sofre pela falta de representatividade de países medulares em sua fileira, como a Rússia e a China.

"[A Rússia] era sempre uma presença incômoda, diga-se de passagem. Então, depois de 2014, exatamente pelos episódios de Maidan, da revolução colorida na Ucrânia [golpe de Estado apoiado pelo Ocidente], e depois a retomada da Crimeia, a Rússia foi expulsa e passou a ser assumidamente […] um pária", disse Costa.

A Índia — assim como o Brasil, a Argentina, a Turquia e os países africanos e árabes — foi convidada para a edição deste ano, garantindo a presença da região emergente asiática no encontro. "Como diria Giovanni Arrighi em 'Adam Smith em Pequim', 'o cofre e a fábrica do mundo se transferiu para a Ásia e o Sudeste Asiático'."

"Quem não pôde ser convidado? O Xi e o Putin, porque, digamos, eles são os adversários, mais do que adversários, são os inimigos claros do G7."

Além da crise interna que a maior parte dos países passa, as nações que integram o G7 tampouco conseguiram legitimar sua liderança mundial nos últimos anos, falhando ao lidar com crises econômicas e políticas, como a incursão israelense na Faixa de Gaza.
Os países do G7, sendo supostamente os países mais importantes e mais desenvolvidos do mundo, falharam tanto em providenciar ajuda humanitária adequada a Gaza quanto se fazer respeitados frente ao desrespeito de Israel em realizar um cessar-fogo no Ramadã.

"O G7, assim como grande parte das organizações do pós-guerra, se tornou anacrônico. Eles são uma agremiação que não corresponde mais ao mundo de hoje", defende Costa.

G20 toma a frente mundial

Em resposta à impossibilidade do G7 de providenciar respostas às crises político-econômicas, outras organizações se formaram de modo a abranger mais vozes e permitir maior diálogo.
É o caso do G20, aponta Fingerman. O grupo — que reúne as 20 maiores economias do mundo e instituições convidadas, como a UE e a União Africana — vem tomando a frente no debate das prioridades da economia mundial, como mudanças na governança, o desenvolvimento de tecnologias sustentáveis e a transferência de recursos de países ricos para os países em desenvolvimento.
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