A aliança de centro-direita do presidente Emmanuel Macron, Juntos, foi praticamente eliminada pelo Reagrupamento Nacional (RN), de direita, de Marine Le Pen, no primeiro turno das eleições legislativas antecipadas na França. As projeções sobre o resultado do segundo turno, em 7 de julho, sugerem que a coligação de Macron está prestes a sofrer uma hemorragia de assentos na Assembleia Nacional.
Para Emmanuel Leroy, é muito provável que no próximo domingo (7), o RN de Marine Le Pen não obtenha a maioria absoluta necessária para governar o país, criando "uma situação objetivamente incontrolável".
"Sem uma maioria absoluta, o país ficará em um estado de incapacidade para ser governado de forma válida e provavelmente observaremos uma situação de crise que colocará a França completamente de joelhos a nível político internacional", especulou o cientista político francês.
"A aposta de Emmanuel Macron hoje é jogar na vitória deste partido [RN] de forma a criar uma situação de caos político na França", sugeriu Leroy.
O primeiro-ministro Gabriel Attal já declarou que a coligação centrista de Macron retirará cerca de 60 dos seus candidatos para permitir que outros candidatos tenham uma oportunidade de derrotar o RN. Mas isso não poderia ser nada mais do que uma "fachada", disse Leroy.
O analista observou que se a França mudasse para uma política de direita ou de esquerda, isso não mudaria os fundamentos. E esses fundamentos são que a França de Emmanuel Macron, que tem estado "na vanguarda no desejo de se envolver completamente nesta guerra na Ucrânia para ajudar o regime [liderado] por Zelensky", está em dívida fenomenal.
"Relembro que a França tem uma dívida pública oficial de € 3 trilhões [cerca de R$ 18,1 trilhões] e que esse montante é absolutamente não reembolsável", sublinhou o antigo conselheiro russo de Marine Le Pen.
De acordo com Leroy, ao deixar que Jordan Bardella potencialmente chefie o governo francês, Macron poderia estar preparando o presidente do RN para o papel de um bode expiatório.
Se e quando a França se encontrar em uma crise financeira "comparável à que a Grécia viveu há alguns anos", Macron poderá transferir a culpa e a responsabilidade para o RN, afirmou o analista.
O partido de direita de Marine Le Pen liderou o primeiro turno das eleições parlamentares francesas, obtendo 33,4% dos votos no domingo (30). A coligação de esquerda Nova Frente Popular ficou em segundo lugar, garantindo 27,98%, enquanto a aliança de centro-direita do presidente Emmanuel Macron, Juntos, ficou em terceiro lugar com 20,76%. Após o segundo turno, o RN poderá conquistar entre 230 e 280 cadeiras — uma maioria relativa — na câmara baixa de 577 cadeiras, de acordo com cálculos da TV nacional.