"O Joe Biden, que já era um político folclórico por trocar nomes e datas, estava apresentando problemas mais significativos do que ocorria ao longo da sua carreira. O mais significativo foi a derrota que ele teve no primeiro debate para Donald Trump. Agora, ir mal em um debate não é uma prerrogativa nem é uma novidade do candidato, mas o que nós vimos ali foi o Biden ser tratorado pelo Trump. Ele mostrava nitidamente que não estava bem, não conseguia concatenar as frases e acabou sendo um motivo de grande preocupação", declarou.
Qual a idade da vice-presidente dos Estados Unidos?
"O Trump sempre é muito midiático e capaz de se colocar no centro das discussões, mesmo nos momentos em que outro candidato ou outro fato ou acontecimento está mobilizando a atenção dos eleitores e da mídia como um todo. Então ele soltou essa bravata que agora vai ser mais fácil, que a eleição já está, entre aspas, faturada. Agora vai se projetar como aquele candidato que de fato é capaz de superar e vencer todo e qualquer desafio, sejam as eleições, seja um atentado, seja uma nova candidata que se apresenta com um perfil absolutamente diferente daquele que era o perfil do Joe Biden", analisa.
"É uma mulher, e nunca houve uma vitória feminina para a presidência dos Estados Unidos. Também é negra, de pai jamaicano e de mãe indiana. Embora os negros sejam apenas aproximadamente 12% da população americana, o histórico de um racismo estruturalmente enraizado naquela sociedade traz a questão da negritude como um peso muito grande e como uma vantagem comparativa em relação à branquitude tradicional que marca o país e as suas relações de poder […]. Além de tudo, a Kamala Harris tem uma formação acadêmica muito sólida, é cientista política, advogada, com uma carreira exitosa no direito. Foi senadora pela Califórnia, que é o estado mais rico do país, cumpriu um papel muito bacana enquanto senadora, sempre na defesa das minorias", enfatizou.
Quem substituirá Joe Biden?
"Sabemos que há três temas decisivos nesta eleição. Um deles é a questão da inflação, que agora está relativamente estável, mas ela está em padrões relativamente altos para a cultura política e econômica dos Estados Unidos. Não por outro motivo, a Kamala Harris fez um pronunciamento [no último domingo] onde ela não se colocava como candidata do partido, mas fez uma defesa da administração de Joe Biden. Então essa é uma questão importante. O outro tema é qual será a dificuldade de lidar por sua própria origem, mais uma vez, pai jamaicano e mãe indiana, diante da questão da imigração, questão sensível e que mobiliza muito os eleitores norte-americanos. E a terceira questão é exatamente a política externa", afirma.
Posições de Kamala no cenário internacional
"Talvez se as pressões internas do Partido Democrata continuarem a mostrar uma posição mais cética em relação a Israel, talvez a gente tenha um pouquinho mais de rigidez […] de algum tipo de fiscalização do governo dos Estados Unidos em cima de Israel. Mas, até o momento, nada indica que vai mudar alguma coisa tão relevante em relação a esses posicionamentos", acredita.