"Quem decide isso é o COI, e acredito que esse órgão saiba que suspender os Estados Unidos pode afetar a audiência, ou até outros países do Ocidente tomarem as dores. O que é muito importante ressaltar é que não há um motivo financeiro, como sempre levantam sobre a ONU, mas a COI se sustenta com os direitos de transmissão […]. E [se] os EUA estão do lado de Israel, o país não será punido. Se estão do lado da Ucrânia, a Rússia será punida. Costuma ser simples assim", acrescentou.
"Quando Hitler acendeu a Tocha [Olímpica], ele viu a oportunidade de propaganda que os Jogos ofereciam. O discurso era sempre que o esporte não devia se misturar com a política, então, mesmo estando na Alemanha nazista, acharam de bom tom. O COI não suspendeu nem repudiou a sede, já estava escolhida e seguiram os jogos dessa maneira", lembrou.
Quais são as principais ameaças à realização dos Jogos Olímpicos?
"Acredito que as tensões vão estar altas sim. O risco sempre existe, mas a segurança deve fazer um trabalho bem completo. Há uma preocupação muito grande até com espectadores que entram nos estádios, com as revistas. A preocupação existe e o risco sempre está lá. Mas eu acredito que o que deve ter muito vai ser a tensão entre atletas ou comitês olímpicos, com demonstrações de apoio ou de repúdio a certos comitês por conta dos conflitos que estão acontecendo", declarou Freitas.
Qual a origem das Olimpíadas?
"É uma forma de poder, mas não o tradicional [o bélico], e sim esse poder brando, de persuasão, convencimento e atração, para que as pessoas se identifiquem, gostem e tenham admiração pelos atletas que, na verdade, estão representando os próprios países", pontua.
Em que ano as Olimpíadas foram realizadas no Brasil?
"Claro que nós temos contradições do ponto de vista econômico. Há desigualdades estruturais que são bem difíceis de serem superadas. Mas isso não significa que o Brasil não tenha capacidade de promover eventos dessa natureza ou países em desenvolvimento também não. Acho que até é importante trazer Olimpíadas para os países em desenvolvimento, até para tentar romper um pouco essa lógica de que só podem acontecer nos desenvolvidos", finalizou.