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Custo de US$ 4 tri e milhões de mortos: qual resultado geraria ao mundo uma guerra entre as Coreias?

Em artigo analítico, a Bloomberg prospectou o possível cenário caso um conflito estoure na península coreana, visto que, atualmente, ocorre o maior momento de tensão entre as Coreias desde 1953. O custo humano seria assustador, a escassez de semicondutores atrapalharia as cadeias de suprimento mundial e a economia global entraria em recessão.
Sputnik
Um conflito em grande escala na península coreana poderia deixar milhões de mortos e custar à economia global US$ 4 trilhões (R$ 22,1 trilhões) no primeiro ano, ou 3,9% do produto interno bruto (PIB) — mais do que o dobro dos desdobramentos da ação russa na Ucrânia, de acordo com a análise da Bloomberg.
Quando a guerra eclodiu entre a Coreia do Norte e a Coreia do Sul em 1950, juntas elas representavam menos de 0,4% do PIB global. Hoje, a Coreia do Sul sozinha responde por mais de 1,5%. E mesmo esse número maior sub-representa sua importância para as principais cadeias de suprimentos, relata a mídia.
Assim como Taiwan, o papel de Seul como grande produtora de chips significa que sua importância para a economia global vai além do tamanho de seu PIB.
A Samsung produz 41% dos chips DRAM do mundo e 33% dos chips de memória NAND. Seus produtos são insumos cruciais para empresas como Apple e Xiaomi.
Se as exportações de eletrônicos da Coreia do Sul forem interrompidas, isso causaria um choque na economia global. O país produz 4% de todos os componentes eletrônicos usados ​​em fábricas no mundo todo e cerca de 40% de todos os chips de memória.
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O enviado nuclear da Coreia do Sul de 2009 a 2011 e agora parlamentar do Partido Democrata da oposição, Wi Sung-lac, disse que as chances de um conflito na península coreana nos próximos anos eram de cerca de 30% — e qualquer confronto tinha o potencial de se transformar em um conflito maior.

"Eu diria que é a situação mais séria desde o colapso da União Soviética. Algum tipo de encontro pode levar a fogo de armas pequenas, e isso leva a fogo de metralhadora e fogo de artilharia", afirmou Wi em uma entrevista em Seul.

Uma guerra total provavelmente envolveria uma barragem de artilharia norte-coreana em alvos militares, políticos e econômicos importantes na capital sul-coreana, escreve a agência.
Nos últimos meses, Kim Jong-un testou armas que seriam usadas em um ataque de primeira onda, incluindo foguetes de artilharia de precisão que poderiam destruir instalações de fabricação de semicondutores a 70 quilômetros da fronteira, bem como mísseis balísticos de curto alcance que podem voar cerca de 250 quilômetros.
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Se Kim perceber uma ameaça existencial ao seu regime, diz a mídia, ele pode lançar um ataque nuclear. Um estudo de 2023 do Instituto Coreano para Análises de Defesa (KIDA, na sigla em inglês), sediado em Seul, disse que Pyongyang tem cerca de 80 a 90 ogivas — o suficiente para tentar ataques nucleares na Coreia do Sul, no Japão e até mesmo nos EUA.
Ao todo, quase metade da manufatura da Coreia do Sul e a maior parte de sua capacidade de semicondutores pode ser destruída. Rotas de transporte próximas para China, Rússia e Japão também seriam interrompidas.
Com os Estados Unidos e a China provavelmente se alinhando em lados opostos do conflito — como fizeram na Guerra da Coreia —, o comércio entre as superpotências econômicas do mundo enfrentaria novas barreiras. Os mercados globais despencariam.
A mídia, então, estima como ficaria o PIB global após um ano de uma eventual guerra na região.
A economia da Coreia do Sul está devastada, encolhendo 37,5%, à medida que a produção industrial e as exportações despencam.
A falta de semicondutores da Coreia do Sul, a queda no comércio com os EUA e as interrupções no transporte representam um golpe de 5% no PIB da China.
Mais distantes da ação e com uma economia dominada por serviços, os Estados Unidos estão relativamente isolados. Ainda assim, a escassez de chips e os mercados em queda significam um golpe de 2,3% do PIB.
O PIB global caiu 3,9%. Sudeste Asiático, Japão e Taiwan — dependentes dos chips da Coreia do Sul e vulneráveis ​​a interrupções marítimas — levam o maior golpe.
Mas a agência chama atenção para o fato de que uma guerra continua sendo um resultado de baixa probabilidade, visto que quase todo cenário de conflito termina com resultados muitos custosos para ambos os lados, inclusive para a Coreia do Norte.
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Ainda assim, diz a mídia, Pyongyang está hoje em uma posição muito mais forte do que no início dos anos 2000, quando EUA, China, Rússia, Coreia do Sul e Japão participaram de negociações entre seis partes, com o objetivo de tentar pacificamente acabar com as ambições nucleares de Pyongyang.
Agora, Kim Jong-un tem um estoque de armas nucleares, Moscou está mais alinhada com o país e a China e os Estados Unidos estão em uma luta geopolítica prolongada.
A tecnologia russa pode melhorar ainda mais o alcance e a confiabilidade dos mísseis norte-coreanos, aumentando a possibilidade de sucesso se ele quiser ameaçar Nova York, Los Angeles ou outra grande cidade dos EUA com um ataque nuclear, escreve a Bloomberg.
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