O Governo do Uruguai aprovou a Autorização Ambiental Prévia (AAP) para que o Google construa um centro de dados no sul do país.
As declarações foram feitas ao jornal inglês The Guardian que reportou ainda a previsão de que o centro de dados libere 25 mil toneladas de dióxido de carbono por ano e gere 86 toneladas de resíduos perigosos, como os resíduos eletroeletrônicos, a sucata eletrônica, óleos e embalagens químicas.
Com sede em Canelones, no sul do país, o centro fornecerá Internet para os usuários do Google em todo o mundo e vai precisar de ar-condicionado para resfriar os servidores. Inicialmente, o gigante tecnológico propôs utilizar milhões de litros de água doce, mas isso provocou a indignação da sociedade, já que o Uruguai sofreu no ano passado sua pior seca desde 1950 e Montevidéu ficou sem água potável.
No entanto, ambientalistas e acadêmicos disseram ao The Guardian que utilizar ar-condicionado será igualmente prejudicial.
"Para o Uruguai, não proporcionará nada além de resíduos tóxicos e gases de efeito estufa", disse ao meio britânico o acadêmico da Universidade da República de Montevidéu, Daniel Peña.
De acordo com cálculos do especialista, baseados em cifras oficiais, as emissões de dióxido de carbono do país provenientes da produção de energia aumentarão em 2,7% devido ao centro de dados que será instalado em uma zona de isenção fiscal.
Já a ambientalista da organização ecologista Amigos da Terra no Uruguai, María Selva Ortiz, disse na reportagem que o centro de dados exercerá uma pressão adicional sobre a rede energética do país, obrigando o Uruguai a depender com mais frequência de combustíveis fósseis.
A organização calcula que o centro de dados precisará da mesma quantidade de energia que quase 223 mil domicílios, em um país com população de pouco mais de 3 milhões de pessoas.
"Sentimos que as multinacionais estrangeiras vêm para utilizar nossos recursos naturais sem nenhum benefício para nós", disse Selva Ortiz.
Em outubro de 2019, meios de comunicação divulgaram a informação de que Google se instalaria no Uruguai. Vários meses depois, em agosto de 2020, a empresa confirmou a construção do centro de dados.
A gestão para a concretização do centro no país começou no segundo governo de Tabaré Vázquez (2005-2010 e 2015-2020).
O terreno de 30 hectares fica na zona franca Parque de las Ciencias, nas proximidades de Colônia Nicolich, em Canelones. Este será o segundo centro do Google na América Latina entre as 14 que a empresa possui no mundo.