Qualquer um que tenha lidado com Vladimir Zelensky provavelmente reconhecerá Andrei Yermak, o chefe de gabinete que está constantemente ao seu lado.
À medida que a operação russa na Ucrânia entra em seu terceiro ano, alguns dos apoiadores internacionais de Kiev estão cada vez mais preocupados com o quanto da tomada de decisões está concentrada nas mãos de Yermak, de 52 anos, um antigo produtor de cinema, que se tornou o único guardião de Zelensky, com voz direta em tudo, desde política externa até planejamento militar.
A ascensão de Yermak, escreve a mídia, foi acompanhada pela queda de muitos outros próximos ao topo — um presidente parlamentar, um governador de Banco Central e seu antecessor como chefe de gabinete — muitas vezes nas mãos do principal assessor, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto que falaram à mídia sob anonimato.
Uma delegação, citada pela agência, o descreveu como um oficial teimoso com vasta influência, frequentemente promovendo ambições que ultrapassam a realidade, incluindo uma demanda por uma grande frota de caças F-16.
Seu perfil de mídia social está repleto de imagens individuais suas com o papa Francisco, o presidente francês Emmanuel Macron e outros — muitas vezes sem Zelensky em lugar nenhum, ressalta a Bloomberg.
Uma publicação de 7 de junho em seu canal do Telegram mostrou Yermak apertando a mão do presidente dos EUA, Joe Biden, enquanto Zelensky cumprimentava o secretário de Defesa, Lloyd Austin, — uma reversão de protocolo que gerou comentários irônicos em Kiev.
A dinâmica provocou uma piada comum entre os ucranianos sobre o chefe de gabinete: "Ele não é o número um, mas também não é o número dois."
Segundo a mídia, o mandato de Yermak é mais amplo do que o de qualquer um de seus antecessores.
Ele tem sido central em todas as principais decisões no conflito: substituindo o principal general de Zelensky, obtendo suprimentos de armas, negociando garantias de segurança, supervisionando trocas de prisioneiros e — na cúpula suíça — tentando conquistar o Sul Global para a causa de Kiev.
Em maio, Yermak foi fundamental na remoção do ministro da Infraestrutura ucraniano, Aleksandr Kubrakov, uma autoridade que já teve uma linha direta com Zelensky e era próxima ao governo Biden, de acordo com pessoas familiarizadas com a demissão.
Segundo a Bloomberg, o gabinete presidencial não conseguiu explicar adequadamente a saída, entre outras mudanças de pessoal, deixando governos estrangeiros confusos sobre a mudança.
A mídia ressalta que a dinâmica de poder é uma questão séria para os aliados da OTAN e doadores internacionais — incluindo a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional (FMI) — que fizeram da transparência uma condição de referência para a transferência de fundos.
Só os Estados Unidos já aprovaram US$ 175 bilhões (cerca de R$ 1 trilhão) em ajuda à Ucrânia, de acordo o Comitê para um Orçamento Federal Responsável dos EUA.