O Brasil vai defender os interesses diplomáticos argentinos (e de mais seis países) na Venezuela depois que Buenos Aires contestou o resultado da eleição presidencial no país, e que Caracas decidiu retirar seu corpo diplomático da capital argentina.
Mas essa não é a primeira vez que o Brasil presta esse serviço aos argentinos. Na década de 1980, o Itamaraty assumiu a representação dos interesses diplomáticos de Buenos Aires em Londres, durante a Guerra das Malvinas.
O papel exercido pelo Brasil foi de longa duração e, em Londres, o Itamaraty foi o responsável pelos interesses argentinos entre 1982 e 1990, quando finalmente Reino Unido e Argentina restabeleceram relações diplomáticas, relembra a coluna de Jamil Chade no UOL.
Na América do Sul, o Brasil também já desempenhou esse papel. O Itamaraty passou a representar os interesses da Bolívia no Chile, diante da Guerra do Chaco.
O colunista relembra que Brasília também já representou os interesses dos Estados Unidos. Em 1914, com a intervenção armada norte-americana no porto de Veracruz, o México e os EUA romperam relações diplomáticas. A delegação brasileira na capital mexicana, chefiada por José Manoel Cardoso de Oliveira, passou a representar os interesses norte-americanos no México.
Em seguida, Argentina, Brasil e Chile se ofereceram como mediadores no conflito entre os dois países e foi convocada, para tanto, a Conferência de Niagara Falls, no Canadá.
A prática diplomática de representação é tradicionalmente dada a países com a capacidade de manter os canais abertos com todos os interlocutores.
Outro exemplo de destaque brasileiro na política internacional foi o político, diplomata e advogado Oswaldo Euclides de Sousa Aranha (1894-1960).
Ele ficou conhecido por sua atuação como presidente da Assembleia Geral das Nações Unidas em 1947, quando presidiu a sessão da Assembleia Geral da ONU que aprovou a Resolução 181, também conhecida como Plano de Partilha da Palestina, que estabeleceu a criação do Estado de Israel em 1947.