Panorama internacional

Rússia e seus interesses 'não têm lugar' na fórmula de mediação de Paris, diz Moscou

A fórmula de mediação francesa no conflito ucraniano não leva em conta os interesses de Moscou nem os da maioria dos ucranianos, declarou a representante oficial do Ministério das Relações Exteriores russo, Maria Zakharova, comentando a declaração do embaixador francês Pierre Lévy.
Sputnik

"É revelador que, na sua entrevista, o embaixador francês [Pierre Lévy] tenha falado da necessidade de regressar ao respeito pelo direito internacional e da Carta das Nações Unidas, e de levar em conta 'as preocupações de segurança dos ucranianos, dos europeus e da França'", disse Maria Zakharova.

Ao mesmo tempo, o diplomata não mencionou o neonazismo na Ucrânia, a repressão contra a oposição, bem como a violação dos direitos dos fiéis, dos russos étnicos e dos cidadãos de língua russa, sublinhou Zakharova.
"Como podemos ver, a Rússia, os seus interesses nacionais legítimos e os interesses de uma parte significativa dos próprios ucranianos simplesmente não têm lugar na fórmula de mediação de Paris", resumiu.
A porta-voz lembrou que Kiev se retirou das negociações com a Rússia "sob pressão de Londres e com a conivência dos seus patrocinadores ocidentais, incluindo a França", e depois formalizou legalmente a proibição de negociações sobre a situação.
Nas suas palavras, o preço dessa decisão "foi a morte de dezenas de milhares de soldados ucranianos, a ruína da economia e o sofrimento da população civil".
"Atualmente, a França é um dos patrocinadores financeiros e militares mais ativos do regime de Kiev, cujo objetivo é infligir a derrota à Rússia, agravando constantemente o conflito e promovendo ideias de intervenção militar ocidental na Ucrânia, o que aumenta os riscos de um confronto direto entre a Rússia e os países da Organização do Tratado do Atlântico Norte [OTAN]", sublinhou Zakharova.
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Países da OTAN 'estão travando uma guerra híbrida total contra a Rússia'

Zakharova também chamou a atenção para as observações de Levy sobre a construção de um mundo multipolar. Em particular, o embaixador observou que "a multipolaridade existia antes de fevereiro de 2022", e o seu país sugeriu melhorar o sistema internacional e a ação coletiva em benefício da paz e da segurança.
"É extremamente estranho ouvir isso de um representante de um Estado que faz parte de um bloco militar que há muito tempo realiza uma expansão geopolítica em direção ao Leste [Europeu]. E isso apesar das promessas de que não expandiriam 'nem um centímetro', assim como os compromissos assumidos ao mais alto nível, inclusive através da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa [OSCE], de respeitar o princípio da segurança igual e indivisível e de não reforçar a sua segurança à custa de outros", enfatizou.
Zakharova destacou que hoje, os países da OTAN, incluindo a França, "estão travando uma guerra híbrida total contra a Rússia e estão à beira de um confronto armado direto com a Rússia".
A representante da diplomacia russa recordou a "agressão na Europa contra a Iugoslávia" pela OTAN (1999), o bombardeio da Líbia e a "destruição do Estado Líbio" (2011), na qual Paris desempenhou um papel fundamental.
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'O mundo está evoluindo para uma verdadeira multipolaridade'

"Quanto ao comentário do embaixador sobre a existência de multipolaridade antes de 2022 [...], se a França tem promovido algo durante todo este tempo, definitivamente não é a multipolaridade, mas sim o conceito de multilateralismo centrado no Ocidente, que, na verdade, é uma expressão de unipolaridade", enfatizou a representante.
A diplomata destacou que, de acordo com a concepção ocidental de ordem mundial, todos os outros Estados devem seguir as instruções ocidentais. Aqueles que se recusam a fazê-lo estão sujeitos a vários tipos de pressão, acrescentou.
"Quem não está conosco está contra nós. Essa é a essência da ordem mundial promovida pelos países ocidentais. Tudo isso não é multipolaridade", acrescentou.
"Hoje, o mundo evolui para uma verdadeira multipolaridade. É uma realidade objetiva. A possibilidade de dominação de um país ou de um grupo de países dá lugar a um acordo baseado no equilíbrio de poder e nos interesses dos centros de decisão de importância global", concluiu Zakharova.
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