Vários aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) apoiaram a decisão da Ucrânia de enviar tropas para a região ocidental de Kursk e chamaram a operação de uma forma legítima de autodefesa contra a guerra de agressão de Moscou.
No entanto, alguns expressaram dúvidas pública e privadamente, citando o risco de que a escalada dos combates pudesse desviar tropas muito necessárias de uma linha de frente frágil e potencialmente semear divisão entre os apoiadores de Kiev, de acordo com autoridades ocidentais que falaram sob condição de anonimato à mídia.
O ministro da Defesa italiano, Guido Crosetto, foi o oficial de mais alto escalão da OTAN até agora a criticar abertamente a medida, que ele chamou de uma escalada que afastaria o cessar-fogo "cada vez mais".
Um fator dominante, segundo a mídia, é a falta de clareza sobre os objetivos de uma ofensiva que pegou os aliados da Ucrânia de surpresa neste mês. Um alto funcionário disse que, se o objetivo do presidente Vladimir Zelensky é garantir uma moeda de troca, o momento do ataque pode não ser vantajoso para ele.
A Alemanha tem sido reservada em sua reação. Um porta-voz adjunto do governo alemão, Wolfgang Buechner, evitou opinar sobre os méritos do ataque, observando que ele foi "preparado aparentemente em grande segredo e sem feedback [retorno]".
Uma avaliação de Berlim sobre o uso de equipamentos para a incursão — que incluía veículos de combate de infantaria Marder de fabricação alemã — faria parte de um "diálogo intensivo" com aliados, disse Buechner no começo desta semana.
Já os Estados Unidos, disseram anteriormente que a incursão é consistente com a política de Washington sobre o uso de armas fornecidas pelos americanos pela Ucrânia.
Na quinta-feira (15), a porta-voz do Departamento de Defesa dos EUA, Sabrina Singh, afirmou que os EUA ainda estavam "ainda tentando aprender mais" sobre os objetivos da Ucrânia.
O assessor presidencial russo, Nikolai Patrushev, disse também na quinta-feira (15) que as declarações da Casa Branca sobre o não envolvimento dos EUA nos crimes de Kiev na região de Kursk não correspondem à realidade, uma vez que, sem a participação e o apoio direto das autoridades americanas, Kiev não teria arriscado entrar em território russo.
Junto aos norte-americanos, alguns dos apoios mais fortes de Kiev vieram de membros da OTAN do Leste Europeu. O primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, disse esta semana que a incursão não mudou o apoio de Varsóvia "nem um pouco".
Contudo, escreve a Bloomberg, aliados da OTAN consideram improvável que a Ucrânia consiga manter território russo, de acordo com um oficial ocidental. Além de Kursk, forças ucranianas lançaram ataques a instalações de energia em território russo, enquanto Kiev também supervisionou ataques à região russa de Belgorod.
Na semana passada, houve uma incursão de tropas ucranianas na região russa de Kursk, onde foram tomados vários assentamentos, de acordo com o governador interino da região, Aleksei Smirnov.
O presidente russo Vladimir Putin disse que a Ucrânia havia realizado outra provocação em larga escala, atirando indiscriminadamente em alvos civis. Putin enfatizou que o inimigo receberá uma resposta adequada.