Panorama internacional

MRE: prioridade da política externa russa é reorientação das relações econômicas para o Sul Global

O desenvolvimento das relações econômicas com os países do Oriente e do Sul Global é uma das áreas mais importantes da política externa russa diante da difícil situação geopolítica, disse Dmitry Birichevsky, diretor do Departamento de Cooperação Econômica do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, à Sputnik.
Sputnik
Uma das principais áreas de trabalho do Departamento de Cooperação Econômica, explicou o diplomata, é garantir os interesses russos na estrutura da diplomacia econômica multilateral.

"Nas condições da guerra econômica que nos foi declarada de fato, os objetivos de reorientação das relações econômicas externas em direção aos países do Oriente e do Sul Global vem em primeiro lugar. A situação é complicada por isso estar acontecendo no contexto do domínio contínuo do Ocidente nas estruturas de governança global. Nesse ambiente difícil, a diplomacia econômica representa uma das áreas mais importantes da política externa russa", disse.

Segundo ele, a politização da economia global faz com que os países da "maioria global" estejam deixando gradualmente de usar "moedas tóxicas", como o dólar, que se desacreditou pela irresponsável política macroeconômica ocidental, inflação e interrupções nas cadeias de suprimento internacionais, bem como problemas contínuos no sistema bancário dos países desenvolvidos.
"Os países do Sul Global não estão satisfeitos com o fato de o dólar ter se transformado de um meio de pagamento e poupança em uma arma contra os indesejados. Qualquer Estado cuja orientação política, por algum motivo, não agrade ao Ocidente coletivo corre o risco de enfrentar sanções e se tornar vítima de uma agressão financeira e econômica em grande escala por parte de Washington e seus satélites", disse Birichevsky.
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Devido a isso, os países não ocidentais, de acordo com ele, "chegam à conclusão de que um mundo com várias moedas é inevitável, como base para uma nova ordem mundial multipolar".
Contudo, ainda é difícil falar sobre uma moeda única do BRICS porque esse projeto ainda está na fase de estudo de especialistas.

"No momento, a associação [BRICS] está discutindo ativamente questões relacionadas à criação de mecanismos independentes de pagamento e câmbio que sejam resistentes à pressão de sanções. A possibilidade de lançar uma infraestrutura para transações internacionais usando moedas digitais dos bancos centrais e outros instrumentos digitais está sendo considerada", afirmou.

Birichevsky acredita que a criação de tal plataforma poderia aproximar os mercados financeiros dos países-membros do BRICS e incentivar o comércio bilateral.
A Rússia assumiu a presidência do BRICS em 1º de janeiro deste ano. Nessa data, além da Rússia, Brasil, Índia, China e África do Sul, entraram no bloco os novos países-membros: o Egito, a Etiópia, o Irã, os Emirados Árabes Unidos e a Arábia Saudita. No dia 20 de agosto, o Azerbaijão solicitou oficialmente sua adesão ao BRICS.
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