Mauricio Alonso Estevez, mestre em relações internacionais da Universidade Autônoma Metropolitana do México, acredita que o BRICS, originalmente formado pelo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, tem sucesso porque está "respondendo às novas realidades econômicas e políticas internacionais" e por causa dos projetos de infraestrutura que está promovendo por meio de seu Novo Banco de Desenvolvimento.
"[No BRICS], os laços têm se fortalecido cada vez mais a nível político, mas com respeito aos interesses soberanos dos diferentes países, ou seja, são respeitadas as condições de seus sistemas políticos, de suas dinâmicas internas e se fomenta a cooperação internacional", afirmou o pesquisador.
Estevez enfatizou que o bloco BRICS está promovendo um processo de aproximação econômica e política "extrarregional", o que o torna atraente diante de um "Ocidente cada vez mais intrusivo nos assuntos internos e mais agressivo", com o uso de sanções econômicas ou a imposição do dólar, para garantir a hegemonia dos Estados Unidos. O tema foi destacado durante a sessão "BRICS ampliado: novos fatores de estabilidade global" do fórum.
Ele também apreciou a organização do Fórum Econômico do Oriente em Vladivostok apontando que formar um mundo multipolar é "um dos principais eixos da política externa russa".
Enquanto isso, Imelda Ibáñez Guzmán, especialista em história diplomática da Rússia e sua política externa na Universidade Estatal de São Petersburgo, destacou que o BRICS busca equilibrar os processos de política internacional e atualmente é um dos "fatores-chave" nessa área.
Ele também destacou a relevância das exportações russas de hidrocarbonetos como parte essencial de sua cooperação comercial internacional.
"O objetivo do grupo BRICS é levar o esquema político internacional à multipolaridade, ou seja, que não haja apenas uma potência hegemônica que detém todo o poder e impõe suas posições em termos políticos e econômicos", disse ele.
A Rússia assumiu a presidência do BRICS em 1º de janeiro deste ano. Nessa data, além da Rússia, Brasil, Índia, China e África do Sul, entraram no bloco os novos países-membros: o Egito, a Etiópia, o Irã, os Emirados Árabes Unidos e a Arábia Saudita. No dia 20 de agosto, o Azerbaijão solicitou oficialmente sua adesão ao BRICS.
Recentemente, o assessor presidencial russo Yuri Ushakov confirmou que a Turquia havia se candidatado a membro pleno do BRICS e que o pedido está sendo analisado.