Segundo o editorial escrito pela mídia, o Ministério da Defesa argumenta que não faz sentido desclassificar, sem justificativa técnica, a primeira colocada em um leilão realizado de forma transparente.
Apenas por cautela, a pasta encomendou um parecer ao Tribunal de Contas da União (TCU) sobre a possibilidade de declarar vencedora a segunda colocada no caso de haver conflito armado no país da vencedora, como está em curso hoje entre Israel e Hamas na Faixa de Gaza.
No entanto, o Estatuto das Licitações e Contratos, citado pelo ministério, não impede a compra de bens de governos ou empresas de países em situação de guerra, diz a mídia.
"Não haveria, em princípio, embasamento lógico ou jurídico, salvo nos casos de decretação de embargo comercial, ruptura de relações diplomáticas ou comerciais ou deliberação de Corte internacional, para efetuar eventual rescisão de contrato já assinado", afirma o próprio ministério.
Rússia e Ucrânia estão há dois anos em conflito, nem por isso o Brasil deixou de comprar produtos de ambos os países, ressalta o jornal.
A Elbit Systems não tem participação acionária do governo israelense, diz a mídia, e mantém duas subsidiárias no Brasil, uma em Porto Alegre, outra em Duque de Caxias (RJ).
A compra dos veículos israelenses contribuiria para a indústria de defesa nacional: a montagem final poderia ser realizada em solo brasileiro e haveria incentivo à produção de munição no Brasil, escreve O Globo.
Para convencer Lula a cancelar o contrato — que deveria ter sido assinado em maio — Amorim alega, segundo o jornal, que o Brasil não deveria comprar da empresa de um país que, em sua visão, ofendeu Lula e o governo brasileiro.
Em fevereiro, Lula foi declarado persona non grata em Israel depois do discurso na Etiópia em que comparou as ações israelenses em Gaza às de Adolf Hitler contra os judeus.
Em reação, o chanceler israelense convocou o então embaixador brasileiro Frederico Meyer para ser repreendido publicamente no Museu do Holocausto em Jerusalém. Brasília convocou Meyer de volta e, desde então, não há embaixador brasileiro no país do Oriente Médio.