"A Geórgia tem sofrido alguma pressão do Ocidente para se alinhar a uma agenda liberal democrática, uma agenda político-ideológica mais próxima desse mundo ocidental, considerando todas essas influências externas e considerando a própria situação da política nacional. Tivemos recentemente levantes populares muito importantes na Geórgia. Uma parcela significativa da população indo às ruas questionar a decisão do governo de aprovar a lei dos agentes estrangeiros, por exemplo", contextualiza a especialista.
População dividida, cenário polarizado
"A gente observa nos inúmeros protestos que têm ocorrido, alguns bastante turbulentos, nos últimos meses. Esses protestos ocorrem basicamente com uma oposição se opondo ao governo e levantando bandeiras da União Europeia, da Ucrânia. Houve uma manifestação que foi em apoio ao governo, e essa manifestação imediatamente foi taxada como um esquema da Rússia. E os participantes, muitos vindos da província, foram apresentados como pessoas ignorantes, enfim, de pouca instrução, sem esse refinamento urbano e das classes altas da Geórgia", exemplifica o historiador sobre o atual momento vivido no país.
"Esse desejo de uma cooperação mais próxima com a China também acaba fazendo com que haja uma certa reorientação de relações internacionais, pensando um pouco mais nesse entorno eurasiático russo e da China, e não tanto em uma relação exclusiva com o Ocidente ou que coloque o Ocidente como prioridade cabal", analisa.