Panorama internacional

Especialistas falam sobre as perspectivas de uma moeda comum do BRICS, o dólar e as sanções

A Sputnik realizou uma videoconferência internacional sobre questões econômicas de grande atualidade com o tema "Maioria global no século XXI: resistindo às sanções e buscando uma alternativa ao dólar".
Sputnik
O evento reuniu destacados especialistas em temas vinculados às relações financeiras internacionais que falaram sobre as perspectivas de adoção de um sistema de pagamentos em moedas nacionais entre os países do grupo BRICS, o futuro do dólar, a criação de uma moeda do BRICS, bem como sobre o impacto das sanções na economia russa.
Falaram no evento: Marcos Caramuru, o ex-diretor-executivo do Banco Mundial e membro do Conselho Internacional do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI); Sergei Afontsev, o membro correspondente da Academia de Ciências da Rússia e diretor do Departamento de Economia Mundial da Faculdade de Economia da Universidade Lomonosov de Moscou; Ekaterina Arapova, a diretora do Centro de Análise de Políticas de Sanções do Instituto de Estudos Internacionais; Abdulaziz Shabani, o pesquisador do Centro de Estudos Políticos e Estratégicos de Riad; Mostafa Ahmed, o especialista em segurança regional do Centro de Pesquisa Al Habtoor; e Xu Wenhong, o subsecretário-geral do Centro Uma Faixa, Uma Rota da Academia de Ciências Sociais da China.
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Marcos Caramuru, o ex-diretor-executivo do Banco Mundial e o membro do Conselho Internacional do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI), ao se referir às perspectivas de criação de uma moeda comum do BRICS, disse que, para incentivar o uso de moedas nacionais no comércio, é necessário pensar em criar um ativo semelhante aos DES (Direitos Especiais de Saque).

Para o palestrante, a "ideia de transformar essa moeda em uma moeda do BRICS é mais complicada. Serão necessárias muito mais pesquisas, mas não há nada de impossível em tratar, pelo menos em caráter experimental, da ideia de um acordo que crie ativos semelhantes aos DES que possam ser usados como referência no comércio entre os países do BRICS".

Sergei Afontsev, o membro correspondente da Academia de Ciências da Rússia e o diretor do Departamento de Economia Mundial da Faculdade de Economia da Universidade Lomonosov de Moscou, falou sobre a resiliência da economia russa: "Apesar dos percalços muito significativos decorrentes das sanções e dos benefícios perdidos com as mesmas, a economia russa está funcionando muito bem sob sanções."

"No ano passado, pela primeira vez em muitos anos, a economia russa cresceu mais rápido do que a economia global. Essa tendência continuará este ano. Isso não só vai contra as expectativas dos promotores das sanções como também inverte a lógica de suas ações em 180 graus".

Para o especialista, a escolha de parceiros para a cooperação econômica internacional é um direito soberano dos Estados soberanos.
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Ekaterina Arapova, a diretora do Centro de Análise de Políticas de Sanções do Instituto de Estudos Internacionais, salientou que as condições geopolíticas atuais contribuem para a formação na Rússia de recursos para a resiliência e desenvolvimento da economia nacional sob sanções externas.
Segundo Ekaterina Arapova, a integração dos sistemas de pagamento nacionais entre os países membros do BRICS é uma das ferramentas de adaptação aos riscos de sanções e um fator importante de estabilização da situação, apesar de certas limitações. Ela enfatizou ser importante que bancos russos tenham filiais em jurisdições amigas, citando, a esse respeito, a experiência do VTB Bank em Xangai.

Abdulaziz Shabani, o pesquisador do Centro de Estudos Políticos e Estratégicos de Riad, disse que o "BRICS está desafiando o domínio tradicional das instituições ocidentais" ao criar uma plataforma para expressar seus interesses em voz alta.

Entre as principais realizações da aliança, o especialista destacou a criação do Banco de Desenvolvimento do BRICS, que torna possível a concretização de projetos em economias emergentes e representa uma alternativa às instituições ocidentais tradicionais.
Ainda conforme com o especialista, a adesão da Arábia Saudita ao BRICS põe em evidência as mudanças ocorridas na situação geopolítica no mercado de energia e mostra que as economias emergentes estão começando a desempenhar um papel cada vez mais importante no mundo.
Mostafa Ahmed, o especialista em segurança regional do Centro de Pesquisa Al Habtoor, disse, por seu turno, que os países de todo o mundo devem buscar uma maior flexibilidade nas relações comerciais para acabar com sua dependência excessiva do dólar.

"Até agora, o dólar americano tem sido a moeda dominante nas transações internacionais, mas hoje estamos avançando passo a passo para fazer com que os governos, inclusive os do Oriente Médio, optem por criar mecanismos bilaterais que nos permitam encontrar soluções alternativas no comércio internacional. É bem possível que, no futuro, esses acordos bilaterais venham a se tornar uma base para a criação de uma nova moeda comum, inclusive no formato do BRICS".

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Xu Wenhong, o subsecretário-geral do Centro Uma Faixa, Uma Rota da Academia de Ciências Sociais da China, falou sobre a situação atual do sistema financeiro internacional.
Segundo o responsável, a atual infraestrutura financeira, em especial o sistema de pagamentos SWIFT, não atende, há muito tempo, aos interesses da maioria dos países do mundo e se transformou em um instrumento de pressão política e econômica.

"Nas últimas décadas, os países ocidentais, com os EUA à frente, têm promovido seu próprio sistema de liquidação financeira no seu próprio interesse. Agora, com o envolvimento ativo dos fatores políticos no comércio internacional, as instituições financeiras internacionais começaram a ser usadas também como arma de luta política", assinalou.

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