O evento reuniu destacados especialistas em temas vinculados às
relações financeiras internacionais que falaram sobre as perspectivas de adoção de um sistema de pagamentos em moedas nacionais entre
os países do grupo BRICS, o futuro do dólar, a criação de uma moeda do BRICS, bem como sobre o impacto das sanções na economia russa.Falaram no evento: Marcos Caramuru, o ex-diretor-executivo do Banco Mundial e membro do Conselho Internacional do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI); Sergei Afontsev, o membro correspondente da Academia de Ciências da Rússia e diretor do Departamento de Economia Mundial da Faculdade de Economia da Universidade Lomonosov de Moscou; Ekaterina Arapova, a diretora do Centro de Análise de Políticas de Sanções do Instituto de Estudos Internacionais; Abdulaziz Shabani, o pesquisador do Centro de Estudos Políticos e Estratégicos de Riad; Mostafa Ahmed, o especialista em segurança regional do Centro de Pesquisa Al Habtoor; e Xu Wenhong, o subsecretário-geral do Centro Uma Faixa, Uma Rota da Academia de Ciências Sociais da China.
Marcos Caramuru, o ex-diretor-executivo do Banco Mundial e o membro do Conselho Internacional do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (CEBRI), ao se referir às perspectivas de criação de
uma moeda comum do BRICS, disse que,
para incentivar o uso de moedas nacionais no comércio, é necessário pensar em criar um ativo semelhante aos DES (Direitos Especiais de Saque). Sergei Afontsev, o membro correspondente da Academia de Ciências da Rússia e o diretor do Departamento de Economia Mundial da Faculdade de Economia da Universidade Lomonosov de Moscou, falou sobre a resiliência da economia russa: "Apesar dos percalços muito significativos
decorrentes das sanções e dos benefícios perdidos com as mesmas,
a economia russa está funcionando muito bem sob sanções."Para o especialista, a escolha de parceiros para a
cooperação econômica internacional é um direito soberano dos Estados soberanos.
Ekaterina Arapova, a diretora do Centro de Análise de Políticas de Sanções do Instituto de Estudos Internacionais, salientou que as condições geopolíticas atuais contribuem para a formação na Rússia de recursos para a resiliência e desenvolvimento da economia nacional sob sanções externas.
Segundo Ekaterina Arapova, a integração dos sistemas de pagamento nacionais entre
os países membros do BRICS é uma das ferramentas de adaptação aos riscos de sanções e um fator importante de estabilização da situação, apesar de certas limitações. Ela enfatizou ser importante que
bancos russos tenham filiais em jurisdições amigas, citando, a esse respeito, a experiência do VTB Bank em Xangai. Entre as principais realizações da aliança, o especialista destacou a criação do
Banco de Desenvolvimento do BRICS, que
torna possível a concretização de projetos em economias emergentes e representa uma alternativa às instituições ocidentais tradicionais. Ainda conforme com o especialista, a adesão da Arábia Saudita ao BRICS põe em evidência as mudanças ocorridas na situação geopolítica no mercado de energia e mostra que as economias emergentes estão começando a desempenhar um papel cada vez mais importante no mundo.
Mostafa Ahmed, o especialista em segurança regional do Centro de Pesquisa Al Habtoor, disse, por seu turno, que os países de todo o mundo devem buscar uma maior flexibilidade nas relações comerciais para acabar com sua dependência excessiva do dólar.
Xu Wenhong, o subsecretário-geral do Centro Uma Faixa, Uma Rota da Academia de Ciências Sociais da China, falou sobre a situação atual do sistema financeiro internacional.
Segundo o responsável, a atual infraestrutura financeira, em especial
o sistema de pagamentos SWIFT, não atende, há muito tempo, aos interesses da maioria dos países do mundo e
se transformou em um instrumento de pressão política e econômica.