"Isso gerou um baque psicológico, tecnológico e de moral, mesmo do Hezbollah, que até mesmo os líderes estão falando. Pelo que está saindo na mídia, vinculado ao Hezbollah, é a primeira grande ação que feriu a moral de combate desde o dia 7 de outubro, quando começou o novo episódio do conflito israelo-palestino", disse a especialista.
"Eles [Hezbollah] são um partido político, têm cadeiras no Parlamento, algumas pastas nos ministérios […]. Tem questões de serviços sociais, promoção de políticas públicas, de saúde, educação, agricultura. Os vídeos, as imagens são muito fortes, porque como explodiu um aparelho que a gente geralmente fica na mão, acabou atingindo muitos olhos. Muitas pessoas acabaram ficando cegas em razão disso."
"E o Hezbollah faz parte da lógica do eixo da resistência, que é uma aliança informal, militar, ideológica, política, comandada pelo Irã, com grupos paramilitares na região do Oriente Médio. É um teatro de operações, é um xadrez geopolítico que não se encerra por si mesmo."
"Isso tudo mostra como as nossas telecomunicações, como a Internet e a cibernética tornam-se cruciais quando se fala de segurança e defesa […] não são mais apenas militares, questão de armamento, como objetos civis estão sendo usados para levar a mortes e com fins de objetivos políticos na guerra. Foi até uma das críticas que o secretário-geral da ONU, António Guterres, fez hoje, condenando esse uso de objetos civis como armas de guerra."
"A gente está vendo um barril de pólvora sendo criado em nossa frente na região do Levante: Síria, Líbano, Israel, Palestina […]. Está tudo emaranhado: o Hezbollah tem relação com o Irã, o Irã tem relação com os houthis, o Hamas tem relação com o Hezbollah. Está todo mundo muito junto e, na hora que essa corda mesmo assim for puxada, vai tudo explodir. Infelizmente, é o cenário que vejo: efeito dominó. Você bate na primeira [peça] e vai tudo caindo", lamentou ela.
"Na Síria, principalmente no Nordeste do território sírio, o Estado Islâmico está voltando. A Síria até hoje vive em conflito armado, até hoje está muito frágil e muitos deslocados ainda vão para o Líbano. Vejo o fator Estado Islâmico entrando para trazer mais caos", lamentou ela.