O Irã condenou o ataque israelense que matou o secretário-geral do Hezbollah, Hassan Nasrallah, com o presidente Masoud Pezeshkian alegando que os EUA deram sinal verde para o ataque e têm responsabilidade parcial pelo "crime de guerra".
"Certamente, há boas razões para acreditar que houve aprovação diplomática, [...] militar, muito provavelmente, e cooperação de inteligência", disse a autoridade.
O interesse dos EUA em uma operação visando Nasrallah "pode ter a ver com a proteção do papel e do poder que Israel projeta na região", especulou o professor Nikolas Kosmatopoulos.
"Não é segredo que Israel desfruta de apoio bipartidário no Senado e no Congresso dos EUA. Também é um importante aliado dos EUA e realiza seu trabalho sujo na região. Ajuda os EUA a manter a hegemonia econômica, diplomática e política, [...] mantém a região em turbulência [...]. Não permite a unificação da região, não permite que a região coopere entre si [...] se torne uma potência regional que pode colocar em risco os interesses dos EUA e da União Europeia [UE]", ressaltou o professor.
Kosmatopoulos destacou que os complexos militar-industriais dos EUA e de Israel "estão quase organicamente entrelaçados, são uma extensão um do outro".
"Esses interesses muito fortes explicam o apoio que Israel recebe dos EUA em todos os meios – diplomático, econômico, militar", observou o especialista.
Tanto o presidente dos EUA, Joe Biden, quanto a vice-presidente Kamala Harris descreveram o ataque israelense que matou o secretário-geral do Hezbollah, Hassan Nasrallah, em Beirute na sexta-feira (27) como uma "medida de justiça". Harris acrescentou que "Nasrallah era um terrorista com sangue norte-americano em suas mãos".
Israel notificou os EUA sobre o ataque aéreo das Forças de Defesa de Israel (FDI) em Beirute somente depois que as aeronaves já estavam no ar, disse um oficial dos EUA ao The Times of Israel. Um porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca também afirmou que os EUA não tinham conhecimento prévio da operação em Beirute.
O Irã condenou o ataque israelense, com o presidente Masoud Pezeshkian alegando que os EUA deram sinal verde para o ataque e têm responsabilidade parcial pelo "crime de guerra".
"A comunidade internacional não esquecerá que a ordem para este ataque terrorista foi emitida de Nova York e os norte-americanos não podem se absolver de colaborar com os sionistas", escreveu Pezeshkian em um post no X.
O embaixador do Irã na ONU, Amir Saeid Iravani, escreveu uma carta aos chefes das Nações Unidas e do Conselho de Segurança (CSNU) no sábado (28) pedindo uma reunião de emergência sobre o ataque que matou o líder do Hezbollah.
Israel matou Nasrallah, entre outros, "usando bombas anti-bunker de mil libras [mais de 450 kg] fornecidas pelos EUA", ele escreveu. Ele alertou Israel contra atacar quaisquer instalações diplomáticas ou representantes do Irã, acrescentando que "o Irã não hesitará em exercer seus direitos inerentes sob a lei internacional para tomar todas as medidas em defesa de seus interesses nacionais e de segurança vitais".
A escalada foi precedida por uma série de explosões de pagers e walkie-talkies que abalaram o Líbano de 17 a 18 de setembro, matando mais de 40 pessoas e ferindo quase 3.500 outras.
Autoridades do governo Biden ainda estão examinando a situação no Líbano e os próximos passos potenciais, pois é difícil prever possíveis medidas de retaliação do Irã e do Hezbollah após o assassinato de Nasrallah, informou a mídia dos EUA no domingo, citando fontes da Casa Branca. Autoridades dos EUA continuam a aconselhar Israel contra uma invasão terrestre do Líbano, disse um alto funcionário.